Assad: 'Ocidente não participará da restauração da Síria, simplesmente não o permitiremos'

© AP Photo / Página do Facebook da Presidência da SíriaO presidente sírio Bashar Assad durante um discurso em frente dos diplomatas, em 20 de agosto de 2017
O presidente sírio Bashar Assad durante um discurso em frente dos diplomatas, em 20 de agosto de 2017 - Sputnik Brasil
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O presidente sírio concedeu uma entrevista à mídia russa, respondendo a perguntas como a futura reconstrução do país, as acusações de ataques químicos e as próximas eleições presidenciais na Síria.

Os países ocidentais não vão participar do processo de reconstrução sírio, pois estes "não dão nada, apenas tiram", afirmou o presidente Bashar Assad.

Sobre restauração da Síria

"Na verdade, esta é a melhor declaração do Ocidente em todo o tempo da guerra na Síria", disse o presidente ao comentar a declaração feita por políticos ocidentais de que "não vão dar nem um centavo para a restauração síria enquanto Assad estiver no poder".

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"É a melhor porque eles não farão parte da restauração da Síria, simplesmente não o permitiremos. Eles vão chegar com dinheiro ou sem? Vão propor um empréstimo, uma doação ou subsídio, o que quer que seja — não precisamos do Ocidente. O Ocidente está longe do conceito de 'honestidade': não dão nada, apenas tiram", disse Assad em uma entrevista ao canal de TV russo NTV.

Assim, assinalou o líder sírio, a Síria vai ser reconstruída graças a seus próprios recursos.

"Mesmo com a guerra em curso, temos bastantes forças para restaurar o país. Temos a certeza disso", afirmou. "Se não houver dinheiro — vamos pedir emprestado a nossos amigos, aos sírios que vivem fora, [usaremos] o nosso tesouro. Não estamos preocupados com isso. Talvez a restauração síria leve mais tempo, mas, de qualquer maneira, não há motivos de preocupação", assegurou.

Sobre guerra no país

Bashar Assad acredita que, além de motivos internos, a guerra de larga escala na Síria tem causas externas, e que a desestabilização foi planejada de fora, em primeiro lugar pelos países do Ocidente e do golfo Pérsico.

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"Tem que se saber distinguir os sintomas externos e internos. No que se trata dos sintomas internos, nós, como qualquer outra sociedade da região, temos nossos problemas. E sempre os discutimos. É provável que não tenhamos conseguido resolver o problema que poderia ter sido resolvido ainda antes da guerra, pode ser. No que se trata dos fatores externos, é muito importante [ver] como começou esta guerra, nenhum país da região tem uma guerra desta envergadura, embora as nossas sociedades sejam muito parecidas, e em alguns países, por exemplo, do golfo Pérsico, existam problemas ainda mais graves — a falta de liberdade não apenas para as mulheres, mas para todo o povo. Por isso, se o problema consiste nisso e este lema tem sido usado desde o início, por que a guerra não começou em outros países?", se perguntou o presidente.

Deste modo, ressaltou Assad, a principal causa teve a ver com os fatores externos. O plano, disse, "não foi elaborado na Síria, mas em alguns países ocidentais, principalmente nos EUA, na França, no Reino Unido".

"Os países-satélites, particularmente a Turquia, a Arábia Saudita e o Qatar, depois de não terem conseguido criar as condições para uma revolução de surpresa, chamemos-lhe assim, começaram a prestar assistência financeira. Não pudemos controlar isso", concluiu.

Sobre sua candidatura em 2021

Além disso, o presidente afirmou que ainda não tomou a decisão sobre sua candidatura a um novo mandato presidencial em 2021.

"Aqui há dois fatores: o primeiro é a minha vontade, e esta provém do segundo fator — da vontade do povo sírio", disse.

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"Ainda temos três anos. Até lá, até 2021, será que o povo sírio estará pronto para aceitar a mesma pessoa, o mesmo presidente, ou não? Se estiverem dispostos — vou pensar nisso, mas ainda é cedo, ainda restam três anos", explicou Assad.

Sobre as armas químicas

Ao tocar no assunto das armas químicas, Assad chamou de "contos de fadas" as acusações contra Damasco em relação ao alegado uso de substâncias tóxicas em Ghouta Oriental e reiterou sua posição sobre a liquidação completa dos arsenais químicos pelo país.

"As narrativas sobre as armas químicas é uma parte da linha política orientada contra o governo sírio", opinou o político.

"Esta história das armas químicas é um pretexto para uma intervenção militar direta e os ataques contra o exército sírio. Isso já ocorreu muitas vezes, ouvimos sempre os contos de fadas sobre as armas químicas de cada vez que os terroristas controlados por eles sofrem uma derrota", afirmou.

De acordo com ele, estas narrativas são usadas quando as tropas da coalizão internacional e os "terroristas controlados por eles" são derrotados em alguma região da Síria.

A situação real, assegura o político, consiste em que a Síria "liquidou completamente as armas químicas".

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Sobre a presença da Rússia na Síria

A presença militar e política russa na Síria, no Oriente Médio e em outras partes do globo é importante para a restauração do equilíbrio de forças internacional perdido após o colapso da URSS, afirmou Assad.

Ao responder à pergunta da âncora sobre aquilo que a Rússia deve esperar quando a Síria pedir que todos deixem seu território, ele recordou: "A amizade entre a Síria e a Rússia dura já por mais de 60 anos. O acordo sobre a cooperação militar foi assinado há mais de 40 anos".

"Nas relações com a Rússia temos dois principais objetivos. Primeiro, tanto a Síria quanto a Rússia estão interessadas em lutar contra o terrorismo e derrotá-lo na Síria, na Rússia e em qualquer outra parte do mundo. Esta é a nossa primeira opção e nosso objetivo", disse.

Ao falar do "segundo objetivo", observou que é "de longo prazo" e destacou o papel que a Rússia desempenha no restabelecimento do "equilíbrio de forças" global.

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