Espanha desafia poder legítimo sírio

© AP Photo / Dusan VranicRetrato de Assad no hospital de Damasco,4 de maio de 2014
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Em 27 de março de 2017, Eloy Velasco, magistrado da Audiência Nacional da Espanha, aceitou para investigação a demanda de uma cidadã espanhola contra nove representantes dos serviços de segurança sírios.

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A demanda apresenta uma séria de acusações, inclusive de praticar terrorismo de Estado.

Amal Hag-Hamdo Anfalis, mulher com passaporte espanhol, acusa nove efetivos dos serviços de segurança e de inteligência sírios de terem detido em 2013 seu irmão, cidadão sírio, e depois de ele ter sido torturado, o terem executado.

A promotoria era contra esta demanda, pois não se trata de um crime em relação a um cidadão espanhol, mas o magistrado Velasco tomou a decisão de considerar a demanda de Amal Hag-Hamdo Anfalis relativamente a possíveis "crimes de terrorismo, tortura, desaparecimento forçado, crimes contra a humanidade e crimes de guerra".

Entre as testemunhas que figuram no caso estão Amal Hag-Hamdo Anfalis, irmã do homem morto na Síria, um ex-médico legista, conhecido como César, que dispõe de um arquivo com dados (50 mil fotos) sobre 6 mil pessoas, que alegadamente estavam detidos e foram executadas em certos "centros de detenção ilegais". Javier Espinosa, um jornalista espanhol que foi sequestrado na Síria por islamistas em setembro de 2013 e libertado seis meses depois, também vai testemunhar no processo.

Julián Jiménez, professor, blogger e especialista em mídia partilhou com a Sputnik Mundo a sua opinião em relação ao assunto:

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"Considero como provocatória a deliberação da Audiência Nacional espanhola para considerar a demanda contra governo sírio. Primeiro, os tribunais espanhóis não têm essa competência. Segundo, queria perguntar: porque, então, Madri não prestou nenhuma atenção à morte do jornalista espanhol no Iraque em 2013? Mais do que isso, nessa altura foram tomadas todas as medidas para excluir qualquer participação da justiça espanhola nesse caso. Tudo isso, digamos, ‘surpreende'", diz Jiménez.

"Tudo isso parece ainda mais absurdo tomando em conta a inação da justiça espanhola relativamente aos crimes cometidos no tempo de Franco. Há muitos crimes impunes na Espanha para que ela possa intervir nos assuntos dos outros países", opina o blogger espanhol.

"Imaginem: um magistrado espanhol pretende considerar um processo de acusação de terrorismo contra um governo que combate o terrorismo. Seria melhor que usassem esse zelo para se ocuparem dos verdadeiros extremistas que lutam contra poder legítimo na Síria", sublinha Jiménez.

O professor não exclui a possibilidade de que esta deliberação possa ser uma tentativa para dificultar as negociações entre o governo sírio e a oposição que estão sendo realizadas em Genebra.

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