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Impasses no Ministério da Educação mostram certo despreparo de Bolsonaro no setor, diz especialista

© Folhapress / Diego HerculanoAlunos em sala de aula de escola pública da zona rural do agreste de Pernambuco (foto de arquivo)
Alunos em sala de aula de escola pública da zona rural do agreste de Pernambuco (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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O professor Carlos Decotelli entregou nesta terça-feira (30) sua carta de demissão do Ministério da Educação ao presidente Jair Bolsonaro.

O pedido foi aceito pelo presidente, que já estuda outros nomes para chefiar a pasta.

Decotelli teve a nomeação publicada no Diário Oficial da União na última quinta-feira (25), mas não chegou a tomar posse, que estava marcada para esta terça-feira (30) e já havia sido adiada.

Bolsonaro anunciou Decotelli para a Educação e escreveu que o nomeado seria "bacharel em Ciências Econômicas pela UERJ, Mestre pela FGV, Doutor pela Universidade de Rosário, Argentina e Pós-Doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha".

No entanto, diversas incoerências começaram a aparecer. A Universidade Nacional de Rosário, da Argentina, negou que Decotelli tenha obtido o título de doutor na instituição. Em seguida, a Universidade de Wuppertal, na Alemanha, informou que o nomeado não possuía título de pós-doutor pela universidade. Já a FGV também negou que Decotelli tenha sido professor da fundação.

Em entrevista à Sputnik Brasil, o cientista político Guilherme Carvalhido, professor da Universidade Veiga de Almeida, disse que as inconsistências no comando do Ministério da Educação acabam passando a imagem de que o setor não é uma prioridade do governo Bolsonaro.

"Essa polêmica no Ministério da Educação demonstra no meu entender uma falta de políticas nesse setor no governo federal atual. Ou seja, mostra um ministério muito politizado, mas muito pouco prático, com poucas políticas de atuação em relação a educação no Brasil, muita fala, mas pouca ação", afirmou.

Carvalhido acredita que os impasses no Ministério da Educação mostram que a pasta está sofrendo uma pressão ideológica muito grande por parte do governo federal.

"Mostra no meu entender um certo despreparo, uma certa falta de interesse nesse setor, e sim, apenas criar uma politização ideológica sobre o assunto. A gente tem que lembrar que as políticas educacionais são muito importantes para o andamento do cotidiano no Brasil", disse.

O cientista político acredita que políticas educacionais não possuem somente natureza ideológica, mas são feitas de ações práticas que garantem o funcionamento das instituições.

"A educação não é ideologizada apenas, ela é um fato prático, ela precisa de políticas efetivas de distribuição de renda e de distribuição de ações para que haja efetivamente ali um ponto positivo. Desta forma não tenho visto com bons olhos a educação no governo Jair Bolsonaro justamente por essa falta de interesse político em colocar práticas efetivas nesse sentido", comentou.

Guilherme Carvalhido defende, no entanto, que ainda há tempo hábil para o governo Bolsonaro mudar a imagem sobre a condução de políticas educacionais.

"Ainda dá tempo de o governo tentar fazer essa modificação, mas para isso precisa colocar pessoas e técnicos nesse sentido. Caso contrário teremos resultados desastrosos para a sociedade de um setor no Brasil que é bastante complicado, mas que tem uma verba significativa", completou.

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