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Intervenção Federal na Segurança Pública do Rio: grandes gastos e pouca eficiência

© Tomaz Silva / Agência BrasilSoldados das Forças Armadas atuam no patrulhamento nas praias da zona sul do Rio de Janeiro
Soldados das Forças Armadas atuam no patrulhamento nas praias da zona sul do Rio de Janeiro - Sputnik Brasil
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Especialista avalia os efeitos e consequências da Intervenção Federal na Segurança do Rio de Janeiro.

Nesta sexta-feira, a Intervenção Federal no Estado do Rio de Janeiro completa 9 meses, sob a responsabilidade do Comando Militar do Leste. Quais foram os ganhos proporcionados ao Rio pela intervenção federal? A população está se sentindo mais segura? 

Soldados patrulham favela do Chapéu da Mangueira, no Rio de Janeiro em 21 de junho de 2018. Quase 2 mil soldados foram empregados em uma operação surpresa do local, como parte da Intervenção Federal. - Sputnik Brasil
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O Rio ficou mais seguro com a intervenção federal? (VÍDEO)
Sputnik Brasil conversou sobre o tema com a cientista política Sílvia Ramos, coordenadora do CESEC (Centro de Estudos e Cidadania da Universidade Cândido Mendes) e do Observatório da Intervenção da mesma Universidade.

A especialista destacou que não se deve esquecer que a intervenção, apesar de estar prevista na Constituição e de ter sido feita de comum acordo entre o presidente Michel Temer e o governador Pezão, não é algo positivo. Se trata de um dispositivo unilateral do Governo Federal, que de fato assume partes da responsabilidade do governo Estadual e assume integralmente todos os assuntos relacionados à segurança. Ou seja, uma intervenção pode ser algo contra um governador.

"É uma medida muito grave e que a gente não deveria, digamos assim, naturalizar. Pode vir a ser usada no futuro no Brasil de forma, inclusive, violenta, contra governos que se coloquem em linhas ideológicas conta um Governo Federal".

No caso do Rio de Janeiro, segundo a cientista política, os dados de violência caíram muito pouco, em relação ao ano passado. Ou seja o modelo de uso do policiamento pelo exército nem sempre traz efeitos positivos, apesar de ter um custo muito alto.

Por outro lado, ela destacou que a população brasileira, em geral, costuma fazer uma análise muito mais positiva do exército, do que da polícia. Ou seja, o uso do exército, integrado com as polícias, sempre aconteceu e vai continuar acontecendo. Para isso, no entanto, não é necessária a instalação de um interventor.

"O que muita gente confunde é que durante a intervenção aconteceu a permanência da chamada GLO — Garantia de Lei e Ordem — que é a cooperação do Exército, Marinha e Aeronáutica, ou seja, das Forças Armadas, na área de segurança pública. Isso não depende de haver uma intervenção. Isso já havia no Rio de Janeiro, e já há em outros estados. E muito provavelmente isso será mantido", explicou a pesquisadora.

Ela também apontou que grandes operações militares são muito custosas e tem uma eficiência muito baixa. "Das 584 operações monitoradas por nós houve 695 apreensões de armas", apontou a pesquisadora. Um número muito baixo, segundo ela. Ou seja, para a cientista a inteligência policial apreende muito mais e age de forma muito mais eficiente para desmontar quadrilhas de venda de armas. "Em operações fora da favela sem dar um tiro", acrescentou ela.

"Achamos que essa lógica da intervenção é pouco eficaz, por isso os indicadores baixaram tão pouco, mesmo tendo sido gasto muito dinheiro. Se você para as operações os crimes voltam com força", destacou Sílvia Ramos. 

"O que nos queremos são políticas de segurança que desarticulem as estruturas criminosas sem utilizar de mais violência e sem mais tiroteio", concluiu. 

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