Em que consiste estratégia iraniana que 'salvará país das sanções americanas'?

CC BY 2.0 / Bastian / A Embaixada dos EUA em Teerã tem muitas pinturas antiamericanas nas suas paredes, 2007
A Embaixada dos EUA em Teerã tem muitas pinturas antiamericanas nas suas paredes, 2007 - Sputnik Brasil
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O vice-presidente do Irã, Eshaq Jahangiri, afirmou que as autoridades iranianas começaram a realizar a chamada estratégia de "resistência econômica ágil" que visa superar as consequências das sanções dos EUA.

Em entrevista à Sputnik Persa, Seyed Hossein Naghavi-Hosseini, porta-voz da comissão especial do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA) e porta-voz oficial da Comissão para a Segurança Nacional e Política Externa do parlamento iraniano, e o analista econômico e diretor do Departamento Financeiro da filial iraniana do Instituto dos Estudos Econômicos do Canadá, Hoshayr Rostami, explicaram as particularidades dessa estratégia.

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De acordo com Seyed Hossein Naghavi-Hosseini, um dos pontos da estratégia de resistência é o fechamento do estreito de Ormuz para os petroleiros norte-americanos.

"O Irã possui saídas para o golfo Pérsico e para o mar Arábico. É contrário à lógica que outros países da região possam vender petróleo e o Irã não possa. A estratégia do Irã é a seguinte: ou todos vendem petróleo, ou ninguém vende! Os norte-americanos sabem que o Irã é capaz de fazer isso", assinalou.

De acordo com ele, o Irã, que possui riquíssimos depósitos de gás e petróleo e que é um "ator forte", é capaz de desenvolver parcerias com grandes economias mundiais. Ele frisou que no mundo há muitos outros parceiros econômicos regionais, tais como o Sudeste Asiático, América Latina, Índia e África, com quem o Irã "poderia colaborar facilmente".

Por sua vez, Hoshayr Rostami acredita que o Irã pode tirar proveito de sua posição geopolítica, que pode lhe permitir se opor aos EUA. O analista vê dois caminhos para realizar a estratégia de "resistência econômica ágil". Conforme um deles, as autoridades do país poderiam apostar nas rendas não-petrolíferas, mais precisamente nas receitas de impostos, já que as sanções não as compreendem.

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"Devemos nos focar nas receitas de impostos, já que as sanções não as abrangem. Antes do mais, precisamos encontrar uma nova fonte de renda para realizar o programa de 'resistência econômica ágil'".

De acordo com outro caminho, é necessário pôr em ordem as despesas estatais, reforça o economista. "Os gastos correntes e as despesas estatais no momento estão muito altos. É preciso restruturá-los", explicou.

Como uma medida de retaliação às declarações de Trump sobre redução a zero das exportações do petróleo iraniano, Teerã poderia vir a pressionar as grandes companhias que trabalham com os EUA. De acordo com ele, com suas declarações Trump pretende afundar o Irã no caos econômico, contudo, seria impossível pôr isso em prática.

"A posição geopolítica do Irã deve ser levada em conta. Por exemplo, as palavras do presidente de que se não pudéssemos exportar petróleo, então outros países também enfrentariam dificuldades, e apontou para o estreito de Ormuz. Do ponto de vista técnico, isso é difícil para o Irã. Mas caso as sanções dos EUA levem à redução de nossas rendas, devemos, aplicando nossos conhecimentos econômicos, compensar o prejuízo causado pelas sanções", ressaltou.

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