Opinião: Ocidente e EUA usam líderes orientais como fantoches

© AFP 2023 / THIERRY CHARLIERBandeiras da Turquia e da UE
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O jornalista, escritor e diretor de documentários residente de Londres Sedat Aral conversou com a Sputnik e comentou a situação nos países ocidentais, onde o terrorismo islamista radical, tomando formas diferentes e usando táticas diferentes, desfere um golpe após outro.

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Comentando, particularmente, o recente atentado que se deu perto do parlamento em Londres, Aral sublinhou à Sputnik Turquia que, ao longo dos últimos 20 anos, o terrorismo se alterou significativamente, adquirindo novas formas, elaborou novas táticas e se tornou ainda menos compreensível. 

"Os terroristas detonam bombas durante uma maratona nos EUA, atropelam pedestres nas praças, matam a tiro turistas que tomam banhos de sol na praia… Estes exemplos são elos de uma cadeia de ataques terroristas à primeira vista caóticos, que dificilmente podem ser classificados e, até mais dificilmente prevenidas antecipadamente", explicou.     

Falando do ataque terrorista em Londres, o especialista frisou:

"Vemos que na mão do atacante havia uma faca com uma lâmina de 8 polegadas [cerca de 20 centímetros]. É um objeto ordinário que se pode comprar em um qualquer supermercado. E então, em uma das maiores [cidades], e, como se considera, na cidade mais segura da Europa, morrem 5 pessoas por causa de uma faca comum. É um novo tipo de ataques terroristas pontuais que, de fato, é impossível prever."

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Destacando que ao longo dos últimos 40 anos, especialmente após a década de 60, os países ocidentais começaram a praticar uma política que, na sua essência, leva a um impasse, Aral disse: "O Ocidente está armando a oposição em outros países, espera até que lá comece uma guerra civil, e já depois disso começa a apoiar de todos os modos um dos lados, enquanto o outro lado passa a ser denominado como terrorista. Tal tática foi usada durante 20 situações de confrontação, que eu me lembre. É um resultado da hipocrisia e duplos padrões ocidentais".

Na opinião do analista, a principal razão desta situação é que no Ocidente, de fato, já não há mídias que possam exercer influência sobre as ações dos políticos. "Não há meios de comunicação que, caso seja necessário, possam exercer pressão sobre as autoridades de um país, já que as TVs patrocinadas pelo Estado e as grandes mídias se comportam como as autoridades querem. Tomemos a BBC, por exemplo. Quando a guerra civil começou na Síria, muitos canais de TV e edições estavam literalmente venerando aqueles que, na opinião deles, 'promoviam a democracia' no Oriente Médio", especificou. 

Ademais, o especialista adiantou que as mídias pretendem "apresentar as decisões tomadas pelos políticos da maneira que seja o mais agradável para a população".

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De acordo com Aral, à escala global se destacam duas ameaças principais – "os vilões inteligentes" e "os vilões estúpidos". O segundo tipo, na sua maioria, começou a se focar no Oriente Médio, acredita o jornalista. 

"O Ocidente está enviando armas para a Síria, e em algum momento vemos que a Turquia também participa do processo. Cria-se uma situação na qual a Turquia demonstra os crimes do Ocidente como expressão da sua própria força bruta, e vemos que ela se torna cúmplice dos crimes cometidos pelos países ocidentais. O número de tais países como a Turquia é grande. A situação na qual a Turquia se encontra hoje em dia parece cada vez mais com a na Síria na década de 70 ou o Iraque da década de 80", analisou. 

Deste modo, a "Turquia se torna um país que, pelos crimes cometidos, hoje ou amanhã pode ficar no banco dos réus, como foi no Ruanda".

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"O Reino Unido sabe perfeitamente o que se encontra no arsenal militar turco, e também sabe que a Turquia não tem força militar suficiente e dinheiro para continuar travando qualquer guerra durante 5-10 anos. Em relação a isso, veem à cabeça as cenas dos filmes de ação, quando o protagonista, primeiro, recebe uma arma, e depois alguém comete um crime com esta arma marcada por impressões de outra pessoa”, ilustrou. 

"O Ocidente e os EUA usam com agilidade os líderes orientais como fantoches no palco do seu teatro", resumiu Aral. 

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