De novo: China volta a impactar mercados globais

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Depois de assustar os mercados mundiais no início da semana, com quedas de 7% nas Bolsas de Valores e o anúncio de desvalorização do yuan, a China voltou a impactar os mercados nesta quinta-feira, 7, com nova forte retração no preço das ações e nova depreciação da moeda nacional.

O índice CSI 300, que engloba as bolsas de Xangai e Shenzhen, desabou 6,9%, acionando novamente o mecanismo de circuit breaker, com a paralisação dos negócios. O circuit breaker é um sistema que interrompe automaticamente os negócios quando os índices se aproximam de uma queda de 7%.

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O pregão, interrompido em Xangai após 27 minutos da abertura, quando os índices marcavam recuo de 7,3%, impactou os pregões em Tóquio, que fechou em baixa de 2,3%, 3% em Hong Kong, 6,9% em Taiwan e 2,2% em Sidney. Na Europa, Madri, com baixa de 3,6%, liderou as desvalorizações, seguida por Paris – 1,3%; Frankfurt – 1%; Milão – 0,6%; e Londres – 0,2%.

No fim do dia, o Governo chinês anunciou a suspensão do mecanismo de circuit breaker já a partir dos negócios de sexta-feira, 8, tentando tranquilizar o mercado e atribuindo a ele a responsabilidade de fixar o limite para eventuais perdas.

Não bastassem esses impactos, o Governo anunciou nova desvalorização do yuan, desta vez de 0,5%, levando a cotação do dólar para 6,56, no maior recuo desde março de 2011.

Para o professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) do Distrito Federal, José Kobori, as recentes turbulências observadas na China refletem uma mudança de postura do Governo na condução da economia. Segundo ele, os índices de crescimento de dois dígitos, observados em anos anteriores, não devem se repetir nos próximos anos, na medida em que as ações de estímulo procuram provocar o crescimento do mercado doméstico em detrimento dos grandes aportes que vinham sendo dados à expansão da infraestrutura e do desenvolvimento urbano.

“O problema é que o consumo interno na China, apesar do seu fabuloso potencial, ainda é muito pequeno em comparação com o porte da economia. Apesar dos grandes avanços de mobilidade social e do crescimento da classe média, a maior parte da população ainda é muito pobre e não está inserida neste novo contexto desejado pelo Governo.”

Kobori vê dificuldades também nas tentativas de o Governo transformar o yuan em divisa internacional de referência, assim como o dólar, o euro e a libra, isso porque, segundo ele, a economia chinesa não é transparente e as intervenções do Governo ainda não respeitam as regras do livre mercado.

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Dados divulgados pelo Banco Central chinês revelam que em 2015 as reservas do Tesouro diminuíram em US$ 512 bilhões, dois terços desse total entre agosto e dezembro, devido às intervenções realizadas no mercado de câmbio. Embora as reservas internacionais se situem em US$ 3,3 trilhões, o professor do Ibmec lembra que em momentos de incerteza, como o de agora, os investidores correm para o iene, dólar, euro e ouro, considerados ativos seguros.

“A desvalorização do yuan nesse momento me parece contraditória com os planos do Governo para incrementar o mercado interno. Quem sai ganhando é o exportador, que tem seus produtos colocados a preços mais competitivos no exterior. O problema é que as economias globais ainda não estão recuperadas o suficiente para absorver um eventual aumento de exportações do país asiático.”

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