Até que enfim! Irã convidado a negociar sobre a Síria

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As autoridades iranianas receberam pela primeira vez o convite de participar das negociações internacionais para resolução pacífica da crise na Síria, segundo informou a agência Associated Press nesta terça-feira (28) citando entidades oficiais dos EUA.

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Fontes da agência noticiosa especificaram, em condições de anonimato, que as negociações em questão devem ser realizadas desde quinta-feira (29) em Viena. Segundo eles, foi a Rússia que entregou o convite ao lado iraniano, mas Teerã ainda não reagiu.

Oficialmente os EUA divulgaram a informação sobre a possibilidade de convidar o Irã às negociações no briefing do Departamento de Estado pelo representante oficial John Kirby.

O secretário da imprensa do presidente russo, Dmitry Peskov, comentando a possibilidade de participação do Irã nas negociações disse:

“A Rússia apoia o convite a participar do diálogo sobre resolução da situação na Síria de todos os países que possam contribuir [para o processo pacífico].”

O especialista em Oriente Médio Sabbah Zanganeh, ex-conselheiro do ministro da Defesa do Irã, comentou à Sputnik a possibilidade de participação iraniana nas negociações em Viena:

“O Irã sempre conclamou a resolução pacífica de todos os conflitos no Oriente Médio. Consequentemente, em relação à crise síria, o Irã tem a mesma postura – insiste na realização de um diálogo político. Parar com o derramamento de sangue e as ações militares, bem como impedir o posterior armamento de militantes são, claramente, os alvos prioritários da resolução do problema, que podem ser atingidos só se o presidente legítimo continuar no poder.” 

Segundo o especialista, a Rússia continua a contribuir significativamente para a regularização da situação na Síria, e a prova disso é a adesão do Irã ao processo. Ele também notou o alto nível de cooperação entre as estruturas diplomáticas do Irã e da Rússia: 

“A troca de informações e coordenação de ações na questão de regularização da crise síria entre o Irã e a Rússia são necessárias porque são parte do plano único de ações. Quaisquer esforços nesta direção, inclusive os diplomáticos, claramente são saudados e são necessários para a luta contra o terrorismo e extremismo. E eles obviamente já estão dando um resultado desejável e positivo.”

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A luta contra o terrorismo na região e na Síria, onde opera a Frente al-Nusra e o grupo terrorista Estado Islâmico, é admitida como a principal prioridade na resolução da crise. De acordo com Zanganeh,“todos os países devem participar na luta contra o terrorismo (neste caso específico na questão do Estado Islâmico). Caso contrário, a ameaça comum só aumentará.”

O ex-político iraniano não tem dúvidas de que o seu país participará das próximas negociações, mesmo que o convite tenha sido enviado pelos EUA, país que no início de 2014 impediu o Irã participar de uma conferência de paz sobre a Síria, alegando, entre outros motivos, o papel alegadamente agressivo das Forças Al Quds, como é chamada a Guarda Revolucionária do Irã. Na altura, as autoridades iranianas não aceitaram que o objetivo final das conversações em Damasco fosse a formação de um governo de transição com o "consentimento mútuo" da oposição e do governo.

“Enfim, é preciso continuar na direção de diminuição de tensão e tentar resolver o problema, tendo em conta o fato de que o povo da Síria sofre muito com o conflito. Por isso, o próximo encontro em Viena deve ser realizado com a participação do Irã. Se todas as premissas e condições forem cumpridas, o resultado desejável será alcançado.”

Lembramos que o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, informou que o encontro com seus colegas de pasta, realizado em 23 de outubro, em Viena, terminou com o entendimento comum de que o "grupo de apoio" na solução da crise síria precisava ser alargado.

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