Encontro após carnaval pode sensibilizar os EUA em relação à Venezuela

© AFP 2023 / MIGUEL ROJOUnasul
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O apoio à Venezuela manifestado pela Unasul no início desta semana não significa confrontação com os EUA, acha especialista. Já o encontro pós-carnaval terá como meta estabilizar a situação na região.

Em entrevista à Sputnik, o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF) Thiago Rodrigues comentou que a reação da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) de apoiar a Venezuela foi lógica e "esperada". Na segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, anunciou que o organismo irá mediar com os Estados Unidos a questão das sanções contra a Venezuela.

Segundo o cientista político, a Venezuela está sendo alvo de uma intervenção por parte dos EUA. Intervenções nem sempre são militares, sublinhou. Há intervenções em forma de pressão diplomática e econômica, que nem por isso deixam de ser intervenções, já que o resultado é uma mudança da situação interna do país, só que imposta desde o exterior.

A intervenção atual, diz o professor Rodrigues tem a forma de sanções financeiras contra certas personalidades do governo venezuelano:

"A atual crise deriva do congelamento de um confisco de bens financeiros de dinheiro pertencente a pessoas ligadas ao regime venezuelano e que, segundo o governo dos EUA, estariam vinculadas à violação dos direitos humanos na Venezuela. Ou seja, o que diz respeito à repressão da oposição política na Venezuela. Essa, sim, é uma forma de pressão econômica, mas mais do que nada é uma forma de pressão político-diplomática muito forte".

Já o apoio à Venezuela, manifestado pela Unasul em relação a este caso, não significa apoio total e incondicional à causa bolivariana. A Unasul "continua sendo utilizada como uma espécie de colchão que diminui um pouco os atritos entre a alternativa bolivariana e os Estados Unidos", acha o cientista.

Mas ainda é cedo para fazer comentários consistentes, avisa Thiago Rodrigues. A Unasul, lembra o cientista, é presidida pelo ex-presidente da Colômbia, país que sempre teve relações um pouco "difíceis" com os EUA (quem as teve fáceis?). "Mas a Colômbia tem um passado bastante consolidado de alinhamento até automático com a política externa norte-americana", comenta ele.

Por isso, e também considerando o papel dos Estados Unidos no mundo e particularmente no hemisfério ocidental, a Unasul provavelmente não irá se opor de maneira aberta em confrontação com o establishment norte-americano, mesmo que continue prestando apoio à Venezuela e a outros países da "alternativa bolivariana".

De todos os modos, vamos saber mais depois do carnaval, quando os ministros das Relações Exteriores do Brasil, Equador e Venezuela mantiverem debates sobre o futuro do país bolivariano, disse Thiago Rodrigues.

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