Médicos italianos explicaram a alta taxa de mortalidade em seu país durante a pandemia por um inverno ameno, que tornou a gripe sazonal menos virulenta, de acordo com um relatório do Ministério da Saúde italiano.
O fato de a estação da gripe ter sido menos intensa, provocando uma menor mortalidade na Itália que o habitual em novembro-janeiro, levou a que as pessoas com doenças crônicas e que foram poupadas pela gripe tenham ficado em maior risco quando o novo vírus começou a se espalhar em fevereiro e março, refere o relatório.
As mortes neste grupo contribuíram significativamente para as estatísticas globais de mortalidade, observa a agência de notícias Bloomberg, em uma análise efetuada ao relatório.
Menos gripe, mais COVID-19
Segundo a Bloomberg, o relatório analisou dados de 19 cidades italianas até 21 de março. De acordo com este documento, que apresenta dados atualizados em 17 de março para a maioria das cidades, e em 21 de março para outras, a mortalidade devido à gripe de novembro a janeiro ficou 6% abaixo da média no norte do país, e 3% nas regiões centro e sul.
É possível que a menor mortalidade no início do inverno "tenha levado a um aumento no grupo dos mais vulneráveis" que foram expostos à COVID-19, segundo o relatório italiano.
No norte da Itália, onde ocorreu a maioria das mais de 12 mil mortes, a letalidade geral em novembro-janeiro entre pessoas com 65 anos de idade ou superior foi 6% abaixo da média dos anos anteriores. Nas cidades do centro e do sul da Itália, as mortes ficaram neste período 3% abaixo do previsto.
O estudo não especificou quantos menos casos letais concretamente ocorreram, ou qual o aumento de pessoas vulneráveis durante esse período. Mas o número total de italianos idosos poupados pela gripe sazonal pode ter sido de centenas, com base em uma média anual de 8.000 mortes por gripe em todo o país, refere a Bloomberg.
COVID-19 na Itália
A taxa de mortalidade do coronavírus nos grupos etários acima dos 60 anos é de 5% a 25% e aumenta com a idade, sendo mais baixa nos outros grupos, de acordo com o relatório analisado.
O número total de idosos que faleceram na Itália durante a pandemia já ultrapassou a taxa de mortalidade por gripe registrada nos últimos dois anos, mas este número ainda não atinge a taxa de mortalidade de três anos atrás.
De acordo com dados atualizados em 2 de abril pela Universidade Johns Hopkins, 13.155 pessoas faleceram vítimas do coronavírus SARS-CoV-2 na Itália, 7.000 das quais na Lombardia, 110.574 foram infectadas e 16.847 recuperaram.
Posição da OMS
"Esta não é apenas uma má temporada de gripe", afirmou Mike Ryan, chefe do serviço de emergências médicas da Organização Mundial da Saúde (OMS), citado pela agência Bloomberg. Trata-se de "sistemas de saúde que estão em colapso sob a pressão de demasiados casos".
A última estação da gripe começou mais cedo na Europa do que nos anos anteriores, atingindo o pico na semana que terminou no dia 2 de fevereiro, de acordo com o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), que acrescenta que a Itália, França, Alemanha e Espanha reportaram apenas surtos de gripe e doenças respiratórias de média intensidade.
Um gráfico incluído no relatório italiano e analisado pela Bloomberg mostrou que as mortes entre as pessoas com 65 anos ou mais durante o surto de coronavírus até 17 de março já haviam ultrapassado os níveis das duas temporadas anteriores de gripe e aproximavam-se do total geral de mortes de 2016-2017.
A estação da gripe foi menos mortal neste inverno devido às temperaturas amenas, concluiu o relatório do Ministério da Saúde italiano.
Ao pressionar o botão "Publicar", você concorda expressamente com o processamento de dados da sua conta no Facebook para permitir que você comente notícias no nosso site usando essa conta. Você pode consultar a descrição detalhada do processo de processamento na Política de Privacidade.
Você pode cancelar seu consentimento removendo todos os comentários publicados.
Todos os comentários
Mostrar comentários novos (0)
em resposta a(Mostrar comentárioEsconder comentário)