Em uma declaração incomum, o procurador-geral dos EUA, Willian Barr, disse que os EUA e seus aliados deveriam considerar a aquisição do controle acionário de empresas europeias para poder competir com a chinesa Huawei, que tomou a liderança no mercado de tecnologia 5G.
"É ótimo que estamos falando para os nossos aliados não instalarem os equipamentos da Huawei. Mas então qual equipamento eles devem instalar?", questionou o procurador-geral.
Durante uma conferência sobre espionagem econômica chinesa, Barr disse que uma forma eficaz de conter o avanço da Huawei seria "os Estados Unidos se alinharem com a Nokia ou com a Ericsson".
O "alinhamento" poderia ser feito "através do controle acionário por parte dos EUA, diretamente ou através de um consórcio de empresas privadas americanas e aliadas", disse.
"Colocar nosso grande mercado e capacidade financeira apoiando uma ou ambas essas empresas seria uma maneira de criar um concorrente muito mais formidável", disse Barr.
"Nós e nossos aliados deveríamos certamente considerar essa abordagem", disse o procurador durante o evento promovido pelo Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês).
A capitalização conjunta da Nokia e da Ericsson é de cerca de US$ 50 bilhões (R$ 214 bilhões) e o procurador não especificou de onde viriam os recursos para Washington adquirir o controle acionário, ou se os reguladores estrangeiros aprovariam a medida.
A Ericsson não quis comentar as declarações, enquanto a Nokia não respondeu imediatamente, reportou a Reuters. O preço das ações das duas empresas subiu após os comentários de Barr.

Os Estados Unidos, que reiteradamente acusaram a Huawei de ser financiada pelo Estado, parecem estar se preparando para fazer o mesmo, disse à Sputnik China Gong Honglie, especialista da Universidade de Naning.
Para ele, as declarações de Barr seriam um reconhecimento tácito de que Washington perdeu a corrida pelo desenvolvimento da tecnologia 5G.
"Os EUA normalmente contam com as empresas privadas para a promoção da inovação. Mas, no caso do 5G, as empresas privadas nem sempre conseguem prever as tendências ou mobilizar os recursos necessários. Na China, por outro lado, o Estado desempenha um papel importante nessa área, e aloca os recursos de maneira eficiente. Por isso, nós passamos na frente".
"Os EUA reconheceram isso e agora estão apostando na interferência estatal para desenvolver o sistema 5G. Acredito que esse problema está surgindo em muitas outras áreas de contato entre os sistemas econômicos dos EUA e da China", concluiu Gong.
Durante a conferência, membros do governo e da comunidade jurídica dos EUA fizeram acusações graves contra a China, acusando-a de "roubar" tecnologias norte-americanas em "praticamente todos os setores industriais".
O tom muito crítico dos participantes não poupou as instituições acadêmicas americanas, que teriam permitido que a China "abrisse institutos em nossas universidades" e infiltrasse "agentes em nossos campus".
Os comentários de altos membros do judiciário norte-americano sugerem que a campanha agressiva da administração Trump contra a China deve continuar.
A campanha inclui acusações contra acadêmicos das principais universidades norte-americanas.
No mês passado, procuradores acusaram o chefe do Departamento de Química e Bioquímica da Universidade de Harvard, Charles Lieber, de mentir sobre a sua participação em um programa chinês chamado "Plano Mil Talentos", que tem como objetivo atrair especialistas e pesquisadores trabalhando no exterior.
A embaixada da China em Washington rejeitou as alegações norte-americanas, classificando-as de "totalmente infundadas".
"O aumento do intercâmbio de pessoas entre a China e os EUA conduz a um maior entendimento entre as duas sociedades e serve os interesses fundamentais de ambos os países", declarou a embaixada.
Ao pressionar o botão "Publicar", você concorda expressamente com o processamento de dados da sua conta no Facebook para permitir que você comente notícias no nosso site usando essa conta. Você pode consultar a descrição detalhada do processo de processamento na Política de Privacidade.
Você pode cancelar seu consentimento removendo todos os comentários publicados.
Todos os comentários
Mostrar comentários novos (0)
em resposta a(Mostrar comentárioEsconder comentário)