Conflito comercial entre EUA e China: 'o mais interessante está por vir'

© REUTERS / Carlos BarriaPresidente dos EUA Donald Trump saúda seu homólogo chinês Xi Jinping em Mar-a-Lago, no estado da Flórida, em 6 de abril 2017
Presidente dos EUA Donald Trump saúda seu homólogo chinês Xi Jinping em Mar-a-Lago, no estado da Flórida, em 6 de abril 2017 - Sputnik Brasil
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A China critica Washington por desencadear uma guerra comercial e avisa que pode adotar medidas de retaliação duras que terão um caráter abrangente. Segundo os especialistas, não se trata apenas do aumento de tarifas sobre produtos norte-americanos.

Mei Xinyu, especialista do Instituto de Comércio Internacional e Cooperação Econômica do Ministério do Comércio da China, disse à Sputnik China que a resposta da China será simétrica, adequada e imediata.

"Primeiro que tudo, as relações econômico-comerciais entre a China e os EUA não se limitam à troca de mercadorias, envolvem muitos aspectos. A parte chinesa, tendo em consideração seus interesses nacionais, pode recorrer a contramedidas. A China e os EUA estão estreitamente interligados, os EUA já não são uma potência inigualável no mundo e precisam da China em muitos aspectos", explicou ele.

Para o analista, se Washington mantiver comedimento, as partes conseguirão cooperar normalmente. Entretanto, se os EUA começarem a agir precipitadamente e causarem problemas, a China está pronta para enfrentar o desafio e ir até o fim.

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"Quanto às medidas concretas que poderão ser escolhidas pela China, vamos esperar pela adoção do pacote de novas tarifas anunciadas por Trump e esse mistério será revelado. O espetáculo ainda não acabou – o mais interessante está por vir", afirmou Mei.

Para Andrei Karneev, do Instituto de Assuntos Asiáticos e Africanos da Universidade Estatal de Moscou, levando em conta a forte interação econômica entre os dois países, não será difícil para a China encontrar os pontos fracos norte-americanos.

"Por exemplo, poderiam ser adotadas medidas que a China já usou para influenciar a decisão de Seul sobre instalação de sistemas de defesa antimíssil THAAD na Coreia do Sul", opinou ele.

Karneev lembrou que no ano passado, em resposta à instalação desses mísseis norte-americanos, Pequim criou sérios problemas para a indústria sul-coreana, especialmente para a indústria automobilística e eletrônica. Os consumidores chineses simplesmente pararam de comprar as marcas sul-coreanas, enquanto as estruturas burocráticas chinesas criaram diversos obstáculos para as empresas sul-coreanas que trabalham na China.

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Por exemplo, o gigante sul-coreano Lotte Group, que forneceu o campo de golfe usado para a implantação da THAAD, sofreu sérios danos depois que o conglomerado foi obrigado a encerrar a maioria das suas lojas na China e suspender a construção de duas grandes infraestruturas no país. Além disso, as medidas adoptadas por Pequim afetaram os operadores turísticos sul-coreanos, após as autoridades chinesas proibirem as viagens em grupo à Coreia do Sul.

As mesmas medidas podem ser adotadas contra os EUA se o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar novas medidas restritivas contra as mercadorias chinesas, afirmou Korneev. A resposta chinesa pode ser verdadeiramente dura. Entretanto, a interligação entre os dois países poderá impedir que Pequim e Washington desencadeiem uma guerra comercial de grande escala, concluiu o especialista.

Em 15 de junho, Trump anunciou tarifas de 25% sobre importações chinesas, no valor de 50 bilhões de dólares (R$ 186,8 bilhões), sublinhando que as novas tarifas serão aplicadas às "tecnologias industrialmente significativas" e foram introduzidas em resposta ao alegado roubo de propriedade intelectual americana por parte da China.

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Em 22 de março, Donald Trump anunciou pela primeira vez seu projeto de imposição de tarifas sobre mercadorias chinesas, tarifas que podem atingir 60 bilhões de dólares (R$ 228 bilhões). A China, por sua vez, elevou as tarifas em 50 bilhões de dólares sobre produtos dos Estados Unidos.

Na segunda-feira (17) presidente dos EUA ameaçou impor uma tarifa de 10% sobre 200 bilhões de dólares em produtos chineses, aumentando a guerra comercial com Pequim.

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