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Estudo mostra como a violência contribui para o empobrecimento do Rio de Janeiro

© Fernando Maia / RioturVista aérea do Rio de Janeiro com o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar
Vista aérea do Rio de Janeiro com o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar - Sputnik Brasil
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Um estudo elaborado pela Confederação Nacional do Comércio avaliou que o Rio de Janeiro perdeu este ano em torno de 660 milhões de reais em turismo devido à violência na cidade. Os dados são referentes ao período janeiro – agosto e não oferecem boas perspectivas para o período setembro – dezembro.

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'O turismo é a solução para a economia do Rio de Janeiro'
Segundo o economista Fábio Bentes, autor do estudo e chefe da Divisão Econômica da CNC, as perdas são ainda mais vultosas se forem adicionadas as questões referentes à corrupção e às inúmeras deficiências constatadas na cidade. De acordo com o economista, somados todos esses fatores, os valores podem se aproximar de 2,3 bilhões de reais.

O Rio de Janeiro convive com esses números justamente no momento em que a Embratur procura intensificar a publicidade do Brasil no exterior, com o objetivo de captar um número crescente de turistas externos. Além disso, o Brasil figurou entre os finalistas do World Travel Awards (prêmio conhecido como Oscar do Turismo), concorrendo com seis outros países: Grécia, Índia, Indonésia, Jamaica, Quênia e Malásia.

Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, Fábio Bentes comentou as dificuldades do Brasil em captar turistas no exterior, diante de um cenário interno tão negativo e problemático:

"É um desafio e tanto captar turistas externos num momento em que tanto se fala de criminalidade e corrupção no Brasil e em que se dá grande destaque à violência no Rio de Janeiro. Sem dúvida, o Brasil possui um potencial turístico enorme mas das grandes economias mundiais é talvez o que tenha esse potencial menos explorado. O Brasil realizou eventos importantes nos últimos anos como Jornada Mundial da Juventude  em 2013, Copa do Mundo em 2014, e Olimpíadas e Paraolimpíadas do Rio em 2016. Estes eventos colocaram foco no Brasil (e especialmente no Rio de Janeiro) nos últimos anos. Numa situação de normalidade, isso acabaria por resultar num legado positivo para a cidade, para o país e para o setor de turismo. O grande problema porém é que existe a antipropaganda que, de certa maneira, contrabalança esta percepção positiva que o Brasil tinha, até bem pouco tempo, no exterior."

Bentes explicou os critérios que a Confederação Nacional do Comércio utilizou para lidar com a crise e as perdas econômicas:

"O que a gente fez aqui na Confederação Nacional do Comércio, com esse levantamento, foi tentar separar o que é crise econômica generalizada no país do que é resultado da violência. A gente pode dizer, de forma reduzida, que dos quase 2 bilhões e 300 milhões de reais que o Rio de Janeiro perdeu nos primeiros oito meses de 2017, 70% se devem à crise econômica e 30%, ao aumento da violência."

Fábio Bentes lembrou que o turista, ao chegar ao Brasil, está exposto a um alto grau de vulnerabilidade e por isso necessita de máxima atenção por parte das autoridades:

Força Nacional no Rio - Sputnik Brasil
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'Rio de Janeiro se humilhou ao expor suas dificuldades na segurança pública'
"É bom lembrar que o turista é um ser frágil por natureza. E política de turismo só tem êxito se estiver acompanhada por uma política eficaz de segurança pública. Para que esta pessoa se sinta segura e confiante em voltar mais vezes ao Brasil – e, neste caso, ao Rio de Janeiro – o ingrediente segurança é fundamental. Por mais que a iniciativa privada tenha investido neste setor nos últimos anos, não resta a menor dúvida de que segurança é uma questão de política pública. Infelizmente, o Rio de Janeiro, por conta de sua deterioração fiscal, tem demonstrado uma dificuldade enorme de garantir um mínimo de segurança para a população."

O economista especificou o montante destas perdas em valores financeiros. Segundo ele, R$ 332,1 milhões representaram as perdas do segmento de bares e restaurantes, R$ 215,5 milhões são perdas dos segmentos de transportes, locadoras de veículos e agências de viagens, R$ 97,7 milhões são do segmento de hotéis, pousadas e similares, enquanto R$ 14,7 milhões representam as perdas dos setores voltados para atividades culturais e lazer.

"Se raciocinarmos com um espectro mais amplo – além da violência, as denúncias de corrupção e outras deficiências – as perdas econômicas no Rio de Janeiro, somente nos oito primeiros meses de 2017 aproximam-se de 2 bilhões e 300 milhões de reais."

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