Pequim usa 'diplomacia econômica' na Europa em ambiente de 'protecionismo crescente'

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De acordo com o analista russo Andrei Volodin, hoje em dia a China está empreendendo medidas diplomáticas contra o modelo emergente de nacionalismo econômico, sendo que, ao mesmo tempo, Bruxelas continua se esforçando para reconhecer a China como uma economia de mercado.

O Reino Unido está disposto a cooperar com a China com o fim de impulsionar e desenvolver o comércio livre internacional, afirmou o chanceler britânico, Boris Johnson, durante as conversações com seu homólogo chinês, Wang Yi, às margens da cúpula do G20 em Bonn, na Alemanha.

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Em resposta, o chefe da diplomacia chinesa confirmou a disponibilidade de Pequim para trabalhar em conjunto com Londres no desenvolvimento dos mecanismos de comércio livre internacional e na criação de uma economia aberta global.

De fato, Wang Yi ajustou a diplomacia econômica iniciada pelo presidente Xi Jinping às relações sino-britânicas. Além disso, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, e o ministro das Relações Exteriores alemão, Sigmar Gabriel, confirmaram que a União Europeia e a Alemanha continuarão seus esforços para reconhecer a China como uma economia de mercado.

Mogherini indicou que a UE continuará se debruçando sobre o artigo 15 do protocolo da adesão chinesa à Organização Mundial do Comércio (OMC). Em 11 de dezembro de 2016, se cumpriu o 15º aniversário do ingresso chinês na OMC, bem como a expiração do Artigo 14 do documento que permitia aos outros membros da organização tratarem a China como uma economia que não é de mercado.

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As declarações de Mogherini são especialmente importantes se tomarmos em conta o fato das três maiores economias da zona euro, ou seja, Alemanha, França e Itália, terem pedido a Bruxelas para que lhes conceda o direito de bloquear os investimentos chineses nas indústrias-chave.

Entretanto, se Bruxelas rejeitar a iniciativa, isso quererá dizer que não há razões formais para não conceder o estatuto de economia de mercado à China.
As garantias dadas por Mogherini e Gabriel indicam que o Reino Unido e a Alemanha reconhecem a importância dos laços econômicos e comerciais com a China, frisou Andrei Volodin, especialista do Centro dos Estudos Eurasiáticos.

"Eles [Reino Unido e Alemanha] consideram o mercado chinês como promissor. Claro que eles se dão de conta do impacto negativo da desindustrialização na UE, nos EUA e no Reino Unido. Os eleitores também percebem isso, como vimos com o Brexit e as eleições americanas. Ao mesmo tempo, de acordo com várias estimativas, o capital total chinês ascende a 3-4 trilhões de dólares. Este é um argumento muito forte para as relações financeiras e econômicas internacionais", afirmou Volodin à Sputnik China.

O especialista sublinhou que os países ocidentais não podem ignorar esse fato e até Donald Trump, conhecido por suas declarações duras anti-chinesas, está agora recorrendo a uma "retórica mais equilibrada".

"No comércio global estamos nos aproximando de uma era de protecionismo global. Pequim está procurando por uma estratégia que encaixe nesse novo modelo econômico descrito por analistas econômicos como o novo nacionalismo econômico. As negociações em Bonn foram uma tentativa de adaptação a esta nova realidade e de encontrar um contrapeso ao protecionismo", explicou Volodin.

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