"Se há lugar onde podemos sempre vislumbrar um tubarão é junto a uma carcaça de baleia morta. O cadáver em decomposição atrai diversa fauna marinha, especialmente grandes tubarões-brancos", escreve na Forbes a bióloga marinha de Porto Rico, Melissa Márquez.
Baleias são essenciais para o ecossistema marinho
As carcaças de baleia são a maior fonte proteica nos ecossistemas marinhos e poderiam influenciar muitos aspectos da vida dos tubarões, incluindo as migrações de adultos.
Contudo, até hoje, nunca tinham sido observados tubarões atacando e devorando uma baleia-jubarte viva.
Sobre este pioneiro episódio se pronunciam pesquisadores sul-africanos do Instituto de Pesquisa Oceânica em um artigo publicado na revista Marine & Freshwater Research.
Os biólogos se referem àquela que seria a primeira observação de tubarões-brancos (Carcharodon carcharias) atacando e matando uma baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae).
Estas baleias podem medir até 19 metros e pesar até 40 toneladas, alimentando-se de minúsculos camarões krill, plâncton e pequenos peixes, sendo as suas carcaças um enorme banquete para os tubarões-brancos.
A astúcia dos tubarões
A equipe do Instituto de Pesquisa Oceânica foi alertada sobre uma baleia-jubarte em dificuldades e muito enfraquecida perto da baía de Mossel, na África do Sul.
O navio nº 15 do Instituto Nacional de Salvamento Marinho (NSRI, na sigla em inglês), instituição especializada em resgatar baleias encalhadas, visitou a zona onde a baleia-jubarte se encontrava.
Cerca de trinta minutos depois, surgiram dois tubarões de cerca de quatro metros de comprimento cada, tamanho confirmado por softwares de tratamento de imagens.
O ataque dos tubarões à baleia durou 90 minutos e foi processado com surpreendente astúcia, mordendo o cetáceo em pontos vitais, como a barriga e a cauda, impedindo-a de navegar e fazendo-a sangrar abundantemente.
As investidas continuaram até a baleia se esvair em sangue e morrer, afundando em seguida.
Os dois tubarões permaneceram nas redondezas durante as semanas seguintes, provavelmente atraídos pelo cadáver.
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Esta tática de morder e recuar dos tubarões-brancos nunca antes tinha sido observada, e foi primeiramente apontada em 1985 pelo ictiólogo John McCosker.
A artimanha consiste em um tubarão-branco dar mordidas incapacitantes na presa e depois recuar, esperando que o animal sangre até a morte, para regressar e se alimentar.