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COVID-19 tornou evidente dependência mundial em relação à China, analisa especialista

© Folhapress / Adriana Toffetti/A7 PressLote de ingrediente farmacêutico ativo (IFA) para a produção da vacina contra a COVID-19 no Brasil.
Lote de ingrediente farmacêutico ativo (IFA) para a produção da vacina contra a COVID-19 no Brasil. - Sputnik Brasil, 1920, 08.02.2021
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Necessidade de importação da China de insumos para vacinação, imunizantes e outros aparelhos mostraram como o país possui um papel de parque global na fabricação de produtos e evidenciou dependência global com relação à indústria chinesa, segundo especialista ouvido pela Sputnik Brasil.

A Fiocruz recebeu neste sábado (6) o primeiro lote de matéria-prima para a produção brasileira da vacina contra COVID-19 desenvolvida pela AstraZeneca/Oxford. São 88 litros, suficientes para formular 2,8 milhões de doses.

O Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) da vacina AstraZeneca/Oxford é produzido pelo laboratório Wuxi Biologics, localizado na cidade de Xangai, na China.

Para Marcus Vinicius de Freitas, professor-visitante de Direito Internacional Público e de Relações Internacionais da Universidade de Relações Exteriores da China, sediada em Pequim, a crise sanitária gerada pela pandemia da COVID-19 deixou claro que a China desempenha um papel de uma espécie de parque industrial global.

"O cenário da competitividade global da China teve um aspecto muito relevante em todas as áreas, e o quadro sanitário, a questão de máscaras, respiradores, aparelhos e equipamentos hospitalares ficou muito claro que a China conseguiu aquilo que nenhum país hoje em dia consegue alcançar, que é uma competitividade e qualidade", declarou.
© Folhapress / Claudia MartiniO ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade e o diretor de Bio-Manguinhos, Maurício Zuma recebem o primeiro lote de Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) para a produção da vacina Covid-19, na sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro.
COVID-19 tornou evidente dependência mundial em relação à China, analisa especialista - Sputnik Brasil, 1920, 08.02.2021
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade e o diretor de Bio-Manguinhos, Maurício Zuma recebem o primeiro lote de Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) para a produção da vacina Covid-19, na sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro.

De acordo com relatório da Anvisa, publicado em outubro de 2020, 95% dos insumos usados para produção de remédios no Brasil vêm do exterior. A maior parte vem da Índia (37%) e da China (35%), que produz a matéria-prima das duas vacinas aprovadas para uso emergencial no Brasil.

​A Fiocruz esperava para dezembro de 2020 a chegada do IFA para começar a produzir doses da vacina de Oxford no Brasil, adiou a expectativa para janeiro deste ano e só viu os insumos aterrizarem no aeroporto do Rio de Janeiro neste sábado (6).

Segundo Marcus Vinicius de Freitas, os atrasos e a necessidade de importação do IFA da China mostram uma dependência do Brasil e de outros países com relação ao país asiático.

"O que a COVID-19 fez de fato foi trazer à luz, foi tornar mais evidente, essa situação que nós vimos do crescimento da dependência dos países com relação à China", afirmou.

O especialista destaca dois aspectos para o sucesso do modelo chinês no comércio global.

"A realidade é que os chineses têm duas vantagens competitivas muito importantes. Eles têm uma população enorme, e isso gera ganhos de escala que lhes permite produzir muito mais e mais barato e, em segundo lugar, eles criaram um parque logístico incomparável no mundo", disse.

'Posições adotadas por Bolsonaro refletem uma visão retrógrada sobre a China'

O presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer que não compraria a vacina do Butantan e travou embates com o governador João Doria (PSDB), que liderou as negociações com a farmacêutica chinesa Sinovac.

Além disso, integrantes do governo e o filho do presidente já criticaram o país asiático.

​Marcus Vinicius de Freitas disse que o governo Bolsonaro possui uma visão distorcida sobre a China.

"As populações, mais do que ideologias, querem resultados palpáveis que melhorem a sua qualidade de vida, e as suas perspectivas quanto ao futuro. O governo atual estava querendo instituir um cenário global não amistoso à China por acreditarem que a China é aquilo que se aprendeu na escola na década de 50 e 60, é uma visão distorcida sobre a China. Essas visões distorcidas não são o melhor para o país", disse.

As críticas ao governo chinês fizeram com que o Brasil sofresse consequências práticas na hora de receber os insumos importados, de acordo com o especialista.

"Participar de iniciativas que menosprezem ou que queiram criar uma imagem negativa a respeito da China pode fazer com que o pedido que estivesse entre os primeiros a serem atendidos caia e passa a ser o último da fila", completou.
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