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Espionagem: Marinha brasileira usou criptografia de empresa controlada pela CIA, diz jornal

© Folhapress / Filipe CordonBatismo e lançamento ao mar do submarino Riachuelo, considerado o mais moderno do Brasil, em Itaguaí, no Rio de Janeiro
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A Marinha, o Exército e o Itamaraty foram clientes de empresa de criptografia suíça que tinha vínculos com a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos, a CIA. 

Segundo reportagem do jornal O Globo, de 1950 a 2018, a Crypto AG forneceu a 120 países aparelhos de comunicação secreta para uso de chefes de Estado, militares e diplomatas, por exemplo, mas nunca informou que possuía ligação com a CIA. Em 2019, a companhia mudou de donos. 

De acordo com o jornal, isso possibilitou espionagem por parte de norte-americanos e, em boa parte do tempo, de alemães. O Brasil teria adquirido, entre 2014 e 2019, produtos para equipar os submarinos do programa Prosub, que ainda está em desenvolvimento. Entre esses aparatos estaria o dispositivo de criptografia HC-2650, assim como sofwares usados neste aparelho.

Décadas de espionagem

Ao todo, da década de 1950 até 2019, quando os controladores da Crypto já eram outros, o Brasil comprou equipamentos e serviços de comunicação secreta da empresa, que, de acordo com a reportagem, era controlada por serviços de inteligência dos Estados Unidos. 

A descoberta foi feita por Vitelio Brustolin, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador de Harvard, ao lado de outros colegas brasileiros, que se debruçaram sobre arquivos dos EUA e do Brasil. 

Segundo uma reportagem do Washington Post de fevereiro de 2020, a empresa suíça, que inicialmente era privada, passou para o controle da CIA e de sua homóloga alemã, o Serviço Federal de Inteligência (BND), o que permitiu ao serviço secreto estadunidense espionar outros países.

A matéria do jornal afirma que desde 1950, mas principalmente a partir da década de 1970, o serviço secreto dos EUA e da Alemanha, em parceria com Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA, inseriram falhas ocultas nos códigos dos dispositivos para conseguirem ler mensagens criptografadas. Nas décadas de 80 e 90 países como Irã e Argentina suspeitaram da atuação Crypto AG. 

Marinha nega comprometimento da qualidade

Em resposta à reportagem, a Marinha disse que "desconhece, oficialmente, alegações de comprometimento da qualidade ou da segurança" dos equipamentos, que "atendem requisitos técnicos e de segurança, e são amplamente testados pela Força antes de serem operacionalizados".

O Ministério da Defesa, por sua vez, afirmou que "as Forças Armadas zelam pela segurança das informações, tratando o assunto com todos os cuidados necessários".

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