A avaliação foi feita em uma entrevista ao RT, na qual ela foi instada a falar sobre as políticas da Organização Mundial do Comércio (OMC), que realiza a sua próxima conferência em dezembro deste ano, na Argentina.
“Até pouco tempo [o Brasil] era o líder da região que lutava para construir uma unidade entre os países em desenvolvimento […]. Após o golpe de Estado no Brasil, este país abandonou totalmente suas pretensões de ser o líder do sul”, disse a pesquisadora, que integra o Centro de Investigação em Economia e Política (CEPR) e coordena a Rede Mundial Nosso Mundo Não Está à Venda.
A mudança de postura brasileira teria acontecido a partir de setembro de 2013, quando o ex-embaixador Roberto Azêvedo assumiu o posto de diretor-geral da OMC. Dali em diante o governo do Brasil passou a ser um aliado próximo dos EUA, deixando de lutar contra os subsídios de países ricos aos seus produtores agrícolas.
“A posição do Brasil na OMC é contra as necessidades de todos os famintos, mas também os países do sul do mundo. Está tão alinhado com os Estados Unidos que deixou de ser alinhado com o Mercosul e com a sua própria população”, completou Deborah.
No encontro de dezembro em Buenos Aires, a pesquisadora acredita que os gigantes tecnológicos do Vale do Silício, como Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft pressionarão por novas regras para a economia digital, ainda com áreas não regulamentadas na economia global.
“O comércio eletrônico que propõe a OMC é um perigo para os países em desenvolvimento […]. Temos que ter um sistema internacional que discipline as corporações através do comércio em favor do desenvolvimento sustentável, dos direitos humanos, incluindo os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, e ao meio ambiente”, comentou.
Para a pesquisadora, os países em desenvolvimento precisam se unir, a fim de evitar que os dividendos produzidos por um crescente comércio digital fique restrito a um pequeno grupo de empresas transnacionais, sem trazer o devido desenvolvimento e sem diminuir a desigualdade.
“A coisa mais importante é exigir uma mudança na OMC. Em outras palavras: transformar, alterar as regras existentes, especialmente em questões agrícolas e de desenvolvimento. Devemos nos opor à expansão da OMC e de forma concreta à inclusão de novos temas, como o comércio eletrônico”, concluiu.
Ao pressionar o botão "Publicar", você concorda expressamente com o processamento de dados da sua conta no Facebook para permitir que você comente notícias no nosso site usando essa conta. Você pode consultar a descrição detalhada do processo de processamento na Política de Privacidade.
Você pode cancelar seu consentimento removendo todos os comentários publicados.
Todos os comentários
Mostrar comentários novos (0)
em resposta a(Mostrar comentárioEsconder comentário)