Entre os indiciados, por crimes ambientais e danos contra o patrimônio histórico cultural, está um diretor da Vale, Rodrigo Melo, sete diretores da Samarco, e o presidente da mineradora na época em que a barragem se rompeu Ricardo Vescovi.
No relatório final das investigações contendo mais de 3.700 páginas, a Polícia Federal aponta que a Vale aumentou a capacidade da barragem que já estava sobrecarregada, em 27% a mais, sem as condições ideais de segurança.
De acordo com o titular da Delegacia de Meio Ambiente, Patrimônio Histórico da Polícia Federal, delegado Roger Lima de Moura, a Vale mentiu sobre a quantidade de rejeitos que lançava na barragem, o que contribuiu para a tragédia.
“A Vale também lançava rejeitos de lama em Fundão, apesar de num primeiro momento ela não assumir isso, e não declarar isso no seu relatório anual de lavra. Só depois de descoberta, ela assumiu isso, como lançasse 5%, porém, o que foi constatado aqui não é 5%. Do total de lama, que era lançado no complexo que pertencia a Vale era 27%, e esse 27% contribuiu para que o rejeito de lama se aproximasse do rejeito arenoso, que é uma das causas de ocorrer a liquefação depois que fez com que a barragem rompesse.”
O inquérito aponta ainda que a diretoria da Samarco estava ciente dos riscos do constante aumento de lama da barragem e falta de equipamentos de medição da quantidade de rejeitos, ainda sim, os gastos da mineradora com segurança foram reduzidos em 29% entre 2012 e 2015, com projeção de redução de 38% em 2016, caindo de um total de R$ 25 milhões para R$ 15 milhões, números que para o delegado Roger Lima de Moura provam que a mineradora assumiu os riscos de um desastre acontecer a qualquer momento.
“A empresa tinha conhecimento. A diretoria recebia informes de todos os problemas que aconteciam na Samarco. Isso já está provado nos autos. Ela recebia informe, procurava saber o que estava acontecendo no local. A área técnica conversava com a diretoria, sempre soube tudo o que acontecia dos menores problemas aos maiores da Samarco. A diretoria assumiu o risco.”
A enxurrada de lama que vazou após o rompimento da barragem Fundão, deixou 19 mortos, e atingiu mais de 40 cidades no Leste de Minas Gerais e no Espírito Santo. Segundo o relatório da Polícia Federal, foram destruídos 1776 hectares foram destruídos pela lama, houve destruição de vegetação da Mata Atlântica, Eucaliptos e terra de cultura, além da mortandade de mais de 29 mil peixes e camarões de água doce dos Rio Doce e Carmo. Sete pessoas já tinham sido indiciadas por crimes ambientais e 19 homicídios, inclusive o presidente licenciado da Samarco Ricardo Vescovi.
De acordo com a Agência Brasil, através de nota, a Samarco afirmou que sempre funcionou com altos padrões de segurança em todas as suas funções, além de manter todos os monitoramentos com base nas exigências legais, e com as melhores práticas do mercado internacional de mineração. Já a Vale repudiou o indiciamento do diretor Rodrigo Melo, garantindo que ele jamais teve qualquer responsabilidade pela gestão da barragem do Fundão. A Vale ainda insistiu que na média dos últimos três anos destinou cerca de 5% do volume total de rejeitos depositados pela Samarco na barragem do Fundão no mesmo período, e que antes desta época a barragem não tinha sequer atingido 50% da sua capacidade total.
Ao pressionar o botão "Publicar", você concorda expressamente com o processamento de dados da sua conta no Facebook para permitir que você comente notícias no nosso site usando essa conta. Você pode consultar a descrição detalhada do processo de processamento na Política de Privacidade.
Você pode cancelar seu consentimento removendo todos os comentários publicados.
Todos os comentários
Mostrar comentários novos (0)
em resposta a(Mostrar comentárioEsconder comentário)