O que realmente vê um turista que chega ao território norte-coreano?

© Sputnik / Semyon Apasov / Acessar o banco de imagensO navio de carga e passageiros norte-coreano Man Gyong Bong que efetua uma ligação regular entre o porto norte-coreano de Rajin e a cidade russa de Vladivostok
O navio de carga e passageiros norte-coreano Man Gyong Bong que efetua uma ligação regular entre o porto norte-coreano de Rajin e a cidade russa de Vladivostok - Sputnik Brasil
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Em maio, o navio de carga e passageiros norte-coreano Man Gyong Bong iniciou uma ligação regular entre o porto norte-coreano de Rajin e a cidade russa de Vladivostok. A partir dessa data, os turistas russos passaram a poder visitar a zona econômica exclusiva de Rason, bem como os lugares de interesse norte-coreanos.

Uma correspondente da Sputnik, Svetlana Zadera, aproveitou a oportunidade de visitar o país e descobriu como os norte-coreanos tratam os turistas e por que não se pode jogar para o lixo as revistas lá compradas.

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A zona econômica exclusiva de Rason foi criada em 1991 na região que faz fronteira com a China e com a Rússia, consistindo de duas cidades — Rajin e Sonbong. Pyongyang se empenha em atrair investimentos chineses para esta zona, particularmente para a construção de hotéis. Vale destacar que nesta região está vigente um regime de isenção de vistos para os estrangeiros, por isso uma viagem a Rason fica muito mais barata do que às outras cidades do país.

Ao entrarem no território norte-coreano, os turistas são obrigados a informar sobre todos os equipamentos técnicos e materiais impressos, ou seja, todas as câmeras, tabletes, celulares e cartões de memória, bem como livros e revistas, incluindo o número total de páginas. Isso se faz porque um turista deve apresentar tudo de novo ao sair do país. É por isso que não se pode jogar fora uma revista, mesmo se você já a tenha lido.

A jornalista conta que os guias que acompanham os turistas russos no país se apresentam sob nomes eslavos, sem revelar os seus verdadeiros nomes coreanos. Ademais, os guias têm de acompanhar os visitantes durante toda a viagem, ou seja, em excursões, idas às lojas, cafés da manhã, almoços e jantares.

Uma das guias, Karina, relatou que tal atenção tem a ver não com o medo de que os turistas tirem uma foto de algo proibido, mas com "o zelo próprio deles".

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"Caso algo ocorra a vocês, toda a mídia internacional falará sobre isso, todo o mundo o discutirá", explicou.

Na Coreia do Norte, revela a correspondente, há uma operadora de telefonia que fornece a rede aos usuários somente deste país, por isso os chips estrangeiros não funcionam lá. Ademais, no país se vendem smartphones chineses, mas não há acesso à Internet mundial. Deste modo, os cidadãos descobrem as principais notícias através dos jornais, rádio e canais de TV.

"Os estrangeiros na Coreia do Norte são proibidos de fotografar a população local sem a autorização dos guias, exceto os coreanos especialmente preparados para se comunicar com turistas. Ademais, os estrangeiros não podem comprar e levar a moeda local — o won norte-coreano. Os visitantes da Coreia do Norte podem pagar em moeda chinesa, dólares americanos ou euros", relata a correspondente.

Perto do litoral, encontra-se o hotel mais caro em Rajin — o Hotel Imperador. Os guias dizem que sua construção foi financiada, em particular, pelo popular ator Jackie Chan, nascido em Hong Kong. De acordo com os habitantes locais, o hotel ganhou popularidade entre os turistas chineses e russos, dado que possui restaurantes, lojas, uma piscina, um bar, uma academia e um pequeno casino. No hotel também há "uma massagem especial para homens", porém, um representante do hotel evitou responder por que razão as mulheres não têm acesso a este tipo de lazer.

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Na praça principal de Rajin, como em todas as cidades norte-coreanas, ficam dois monumentos gigantescos a Kim Il-sung e Kim Jong-il.

"A altura deste monumento é igual ao respeito do nosso povo para com os grandes líderes", explicou um dos guias. Como parte solene da excursão, ele pede que os turistas formem uma linha em frente dos monumentos e tirem os celulares e tabletes, pois as estátuas só podem ser fotografadas pela câmera, para poderem ficar na imagem em todo seu tamanho.

Quanto ao mercado, que é único em Ranjin, aqui se pode encontrar todo o tipo de produtos: desde artigos para a casa, passado por produtos alimentícios e equipamentos de natação.

Ademais, no mercado há mercadorias com símbolos estatais da Coreia do Norte — pins, ímãs, selos e moedas, bem como os cartazes políticos, ou seja, com bandeiras e mísseis norte-coreanos dirigidos contra os EUA. Tudo isso se vende aos turistas, exceto os pins dos líderes norte-coreanos, já que estes só podem ser usados pelos cidadãos do país.

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