'Nova Guerra da Coreia' poderia gerar crise de refugiados de grandes proporções na Ásia

© Sputnik / Andrei IvanovUm veículo militar mostra um míssil balístico na principal praça de Pyongyang durante desfile de 11 de maio de 2016
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A escalada das tensões na Península Coreana manteve o temor de que um conflito armado e militar possa eclodir a qualquer momento na região, com consequências incalculáveis, tanto nas perdas de vidas quanto nos prejuízos econômicos para todo o mundo.

Os recentes testes balísticos da Coreia do Norte fizeram crescer as preocupações na Ásia, enquanto os Estados Unidos mantém o discurso de que é preciso lidar de frente com o problema norte-coreano, de preferência pela via diplomática.

Os exercícios entre a Marinha dos EUA com sul-coreanos e japoneses fez Pyongyang subir o tom, adiantando que tais ações militares tratam-se de “provocações”, e que o país está pronto para retaliar qualquer iniciativa militar ordenada por Washington.

Se cada um dos lados possui suas estratégias militares, um aspecto pouco mencionado em análises sobre um eventual conflito bélico na península – o armistício entre as duas Coreias data de 1953 – é a catástrofe envolvendo a migração de pessoas em larga escala.

Estima-se que a Coreia do Norte possua 25 milhões de habitantes, número superior ao registrado na Síria em 2011, quando teve início a guerra entre o presidente Bashar Assad e os militantes contrários ao regime de Damasco.

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Rotas

Uma das primeiras rotas de fuga, em caso de guerra da Coreia do Norte contra os EUA e seus aliados seria a Coreia do Sul. Embora a fronteira na península seja fortificada ao longo dos 250 quilômetros – cheia de minas terrestres pelo caminho –, seria esperado um alto fluxo de norte-coreanos buscando abrigo no sul, sobretudo ao final do conflito.

Uma derrota de Pyongyang traria ainda outros problemas. Seul realizaria a unificação coreana, mas herdaria um país ao norte bastante diferente, principalmente no campo econômico. Seria um cenário parecido com o que envolveu a Alemanha entre a Segunda Guerra Mundial e o fim da União Soviética, entre 1945 e 1989.

Outra alternativa de fuga para os refugiados norte-coreanos seria buscar abrigo na China, país com o qual a Coreia do Norte faz fronteira por 1.400 quilômetros. Pequim tem ciência desta possibilidade, tanto que reforçou em 100.000 homens a sua tropa na fronteira, em abril.

Os chineses teriam papel fundamental no abrigo e assistência a tais refugiados, estabelecendo inicialmente uma zona de segurança para proteção do próprio país.

Uma outra rota de fuga de refugiados envolveria o Japão e os cerca de 60.000 japoneses que vivem na Coreia do Sul. Recentemente, o Conselho de Segurança japonês debateu como se daria a evacuação de tal contigente de cidadãos do país que vivem na Península Coreana, caso ecloda um conflito militar na região.

Uma última rota de fuga envolveria a fronteira entre Rússia e Coreia do Norte. Contudo, o Kremlin teria facilidade em monitorar a área, que não ultrapassa os 17 quilômetros. Mais do que isso: o governo russo só concedeu status de refugiados a dois cidadãos norte-coreanos entre 2004 e 2014. E isso tende a se manter inalterado, mesmo em caso de guerra na península.

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Perigo nuclear

As avaliações sobre o êxodo de refugiados considera apenas um conflito militar convencional, sem o forte agravante que seria o uso de armamentos nucleares. Embora analistas afirmem categoricamente que a Coreia do Norte seria derrotada em caso de guerra, o regime de Kim Jong-un poderia impor sérias baixas aos adversários, sobretudo na Coreia do Sul e Japão.

O uso maciço de armas nucleares e químicas poderia tornar a Península Coreana inabitável, a exemplo da radiação que tornou inabitável a cidade ucraniana de Chernobyl (local do acidente com uma usina nuclear soviética, em 1986). Isso levaria a um forte fluxo populacional de enormes proporções.

Os EUA fizeram neste ano uma simulação de como seria retirar os 230.000 cidadãos do país que vivem na Coreia do Sul, em caso de guerra com os norte-coreanos. Eles seriam levados ao Japão, e de lá seriam embarcados para solo norte-americano.

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