A faculdade de direito da Universidade de Buenos Aires (UBA) decidiu cancelar na quinta-feira (28) evento que teria como principal orador o ex-juiz, horas depois de divulgá-lo em sua página oficial e nas redes sociais.
O convite para Moro participar da palestra havia sido feito pelo Centro de Estudos sobre Transparência e Luta contra a Corrupção, ligado ao ex-presidente Mauricio Macri e a seu partido.
No entanto, a participação do ex-ministro da Justiça causou muita resistência em setores de esquerda e políticos kirchneristas e alinhados ao presidente Alberto Fernández, que são críticos à atuação de Moro no processo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O organizador do evento decidiu então suspender a palestra.
A conferência "Combate contra a corrupção, democracia e estado de direito" seria realizada pela plataforma digital Zoom no dia 10 de junho.
Em entrevista para o canal argentino La Nación, segundo publicado pela agência RFI, Moro disse que o "cenário de polarização" apontada por ele "afeta tanto Brasil quanto a Argentina".
"Não levo isso para o lado pessoal. Essa polarização política dificulta o diálogo e o debate", afirmou o ex-juiz.
Moro disse ainda que, após o cancelamento, recebeu convites de outras instituições argentinas para participar de eventos.
'Quando se queimavam livros'
"Eu devo realizar alguma outra conferência. Depois do cancelamento, muitos argentinos entraram em contato, lamentando o havido e ofereceram para realizar a conferência em outro cenário, em outro contexto", afirmou.
Moro comparou o cancelamento da conferência à queima de livros.
"Esse tipo de situação de impedir palestras é mais ou menos o que se fazia no passado quando se queimavam livros em situações arbitrárias", criticou. "Não me parece a postura mais apropriada do ponto de vista da tolerância", acrescentou.
Moro também lamentou a visita que Alberto Fernández fez a Lula na prisão, em Curitiba, em julho do ano passado, antes de tomar posse como presidente.
"Na época, achei que isso foi um pouco ofensivo. Sinceramente, achei que não fez bem para as relações bilaterais. Não foi muito apropriado", opinou Moro, para quem "a relação Brasil-Argentina tem de ficar acima de questões partidárias".
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