Mídia revela conteúdo da carta secreta escrita em 2010 por Assad a Obama

© AP Photo / SANA Presidente sírio, Bashar Assad, durante uma entrevista
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O presidente da Síria Bashar Assad dirigiu em 2010 uma carta secreta ao presidente norte-americano propondo renovar as negociações de paz com Israel, contou no seu livro o ex-secretário de Estado John Kerry.

A Síria permanece formalmente em estado de guerra com Israel e continua reivindicando a sua soberania sobre as colinas de Golã, que lhe foram arrebatadas em 1967 e depois anexadas de forma unilateral pelos isrelenses.

Na terça-feira (4), o jornal israelita Haaretz publicou excertos das memórias de Kerry, denominadas "Every Day Is Extra".

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Antes do início da crise síria, Kerry, na qualidade de chefe do Comité de Relações Exteriores do Senado, visitou Damasco e organizou os primeiros encontros com o presidente sírio. O ex-secretário assinala que naquele tempo "Assad ainda estava interessado em uma espécie de acordo com Israel".

"Assad me perguntou o que era necessário para iniciar sérias negociações de paz, esperando garantir a devolução das colinas de Golã, que a Síria tinha perdido em 1967. Eu lhe disse que, se ele levava o assunto a sério, deveria expor suas propostas. Ele perguntou o que era necessário para isso. Eu partilhei com ele as minhas ideias. Ele pediu ao seu assistente para elaborar uma carta para o presidente Obama", escreve Kerry.

Tendo recebido a carta de Assad, Kerry se dirigiu para Israel e mostrou o documento ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, recentemente regressado ao poder.

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"No dia seguinte, eu voei para Israel, onde me encontrei com o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e mostrei a carta de Assad. Ele ficou bastante surpreso com o desejo de Assad de ir tão longe, muito mais longe do que ele se prontificara antes", escreve Kerry.

Como explica o Haaretz, até o fim de 2011 a Síria e Israel realizaram realmente conversações com a mediação dos EUA, porém não conseguiram atingir qualquer entendimento. Segundo os dados da edição, a carta de Assad para Obama foi mencionada apenas uma vez por Kerry em uma entrevista de 2015, mas sem o detalhe da discussão do documento com Netanyahu.

O jornal acrescenta que, nas suas memórias, Kerry escreve sobre a Síria chamando-a de "ferida aberta" que ficou depois da administração Obama, bem como de problema sobre o qual "pensa todos os dias".

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