China lança sonda para desvendar os segredos do lado oculto da Lua

A Chang'e-6 tem como missão coletar amostras de rocha e do solo lunar no lado não explorado da Lua, que contém informações importantes sobre a formação e as características do satélite natural.

A China lançou neste fim de semana uma sonda lunar com destino ao lado oculto da Lua, que tem como missão coletar amostras de grande valor científico.

Segundo noticiou a agência de notícias chinesa Xinhua, a sonda Chang'e-6 foi lançada ao espaço às 17h27 (horário de Pequim), da sexta-feira (3), 5h27 da manhã no horário de Brasília. Segundo o Centro Espacial Nacional da China (CNSA, na sigla em inglês), o lançamento foi um sucesso.

Wu Weiren, pesquisador da Academia Chinesa de Engenharia e projetista-chefe do programa de exploração lunar da China, afirmou que "a coleta e o retorno de amostras do lado oculto da Lua são um feito sem precedentes".

"Atualmente, sabemos muito pouco sobre o lado oculto da Lua. Se a missão Chang'e-6 conseguir cumprir seu objetivo, ela fornecerá aos cientistas a primeira evidência direta para entender o ambiente e a composição material do lado oculto da Lua, o que é de grande importância. No entanto, a missão é muito difícil e arriscada. Estamos ansiosos pelo seu sucesso."

A Chang'e-6 é dotada de um orbitador, um módulo de aterrissagem, um ascensor e um módulo de retorno. A expectativa é que 48h após aterrisar na Lua, a sonda estenderá um braço robótico para coletar rochas e solo da superfície do lado oculto da Lua, enquanto uma broca perfurará o solo simultaneamente.

As amostras serão seladas em um recipiente, o ascensor decolará da Lua e se acoplará ao orbitador. Em seguida, o módulo de retorno iniciará a viagem de volta, trazendo as amostras coletadas. Segundo a CNSA, toda a missão deve durar 53 dias.

"Toda a missão está repleta de inúmeros desafios, com cada etapa interconectada", disse Wang Qiong, vice-projetista-chefe da missão Chang'e-6.

Por conta da rotação sincronizada com a Terra, a Lua possui um lado que nunca pode ser visto da superfície terrestre, o chamado lado oculto ou lado escuro da Lua, que é quase inexplorado. Imagens de sensoriamento remoto indicam que, diferentemente do lado visível, que é plano, o lado oculto da Lua é densamente pontilhado por crateras formadas por impacto, que têm tamanhos variados. Ademais, cientistas acreditam que no lado oculto a crosta lunar é mais espessa, sendo que o motivo disso permanece um mistério.

Com o lançamento da Chang'e-6, cientistas esperam coletar amostras de materiais provenientes das profundezas da crosta lunar. Isso porque há mais de 4 bilhões de anos uma colisão celestial formou a Bacia do Polo Sul-Aitken, que tem um diâmetro de 2.500 quilômetros e cerca de 13 quilômetros de profundidade. Trata-se da maior e mais antiga cratera de impacto na Lua e no sistema solar.

A colisão expeliu materiais ainda não coletados para estudo, que podem conter informações importantes sobre a formação e características da Lua.

"Amostras diretas e em primeira mão do lado mais distante da Lua são essenciais para nos dar uma compreensão mais profunda das características e diferenças dos dois lados da Lua e para revelar os segredos da Lua", disse Zeng Xingguo, cientista dos Observatórios Astronômicos Nacionais da Academia Chinesa de Ciências (CAS).

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