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'Importância de peso': analistas enumeram como Nigéria poderia reforçar o BRICS

© AP Photo / Olamikan GbemigaPresidente da Nigéria Bola Ahmed Tinubu, durante cerimônia de posse. Abuja, 29 de maio de 2023
Presidente da Nigéria Bola Ahmed Tinubu, durante cerimônia de posse. Abuja, 29 de maio de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 12.04.2024
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Com o movimento de expansão do BRICS, diversos países se aplicaram para entrar no grupo, como Bolívia, Venezuela, Vietnã, Paquistão, Cazaquistão, Tailândia e Senegal. No entanto, um dos que mais tem perspectiva de sucesso é a Nigéria.
Desde que começou a sua expansão, o BRICS tem sido extremamente procurado por nações de todos os cantos do globo. Ao todo, 15 países se candidataram formalmente para entrar no grupo multipolar, enquanto outros 23 expressaram o desejo de se juntar à agregação.
A política de expansão do BRICS, contudo, é bem pensada e busca sempre incluir países estratégicos em seu rol de membros. Com países integrantes como África do Sul, Etiópia e Egito no mesmo continente, o que a Nigéria teria a acrescentar ao BRICS?
Essa pergunta foi o principal fio do episódio desta sexta-feira (12) do Mundioka, podcast da Sputnik Brasil apresentado pelos jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho.

Nigéria: do petróleo a protagonista regional

Para o historiador Eden Pereira Lopes da Silva, doutorando em história comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre África, Ásia e as Relações Sul-Sul (NIEAAS) e membro do Grupo de Estudos 9 de Maio, a adição da Nigéria entre os integrantes do BRICS teria uma "importância de peso".
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Em primeiro lugar, diz, "a Nigéria tem uma população com uma projeção de crescimento grande, ou seja, em termos de nível econômico, de mercado, e também no que diz respeito à produção, ao dinamismo; vai ser muito importante para o bloco do BRICS".
Outro ponto importante, afirma Pereira, é a "potência energética" que é a Nigéria no continente africano. Hoje, o país é o maior produtor de petróleo da África, o que se alia aos interesses do BRICS de trazer para dentro do grupo nações com recursos estratégicos.

"E também porque é um país inserido em uma região onde o BRICS ainda não tem uma inserção tão grande: a África Ocidental."

A nação, explica Pereira, possui grande influência dentro da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), tendo na prática poder de veto frente às políticas do grupo.
"Não é que ela tenha esse poder de veto no bloco de respeito à sua posição mesmo institucional, mas tem a posição de veto porque é o país mais poderoso da CEDEAO", disse.

"Então, se a Nigéria disser não para alguma coisa, aqueles países da CEDEAO, vai ser difícil contrariarem a opinião da Nigéria."

Para Faustino Henrique, jornalista e especialista em relações internacionais, a Nigéria consegue juntar todas essas variáveis, desde "a posição estratégica no golfo da Guiné" com ser "a maior economia da África" e ser "um país rico do ponto de vista dos recursos minerais, petróleo, gás e até […] do ponto de vista agrícola".

"Apesar da África do Sul ser a mais industrializada, é a Nigéria com seus cerca de 220 milhões de habitantes a maior economia da África", diz Henrique.

Segundo ele, tudo isso faz com que seja bom para o BRICS ter a Nigéria como membro, até porque é "do interesse do grupo se expandir para que possa ter maior barganha política e econômica no cenário mundial".
"Sobretudo para ser uma alternativa ao G7", diz Faustino.
Visto por outro lado, afirmam os analistas, a Nigéria também tem muito a ganhar junto ao BRICS, em especial para conseguir certo alívio financeiro.
"A maior parte dos países africanos vivem com problemas permanentes de liquidez, razão pela qual têm que recorrer sempre ao Fundo Monetário Internacional [FMI] para, muitas vezes, equilibrar a própria balança de pagamentos."
A Nigéria tem uma inflação na casa dos 30% ao mês, sublinhou Pereira, o que faz com que tenham um problema de carestia. "Isso acontece porque o país é muito dependente da forma como a atual economia internacional está formada, sobretudo ancorada pelo dólar".
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Nesse sentido, um dos principais benefícios de se juntar ao BRICS para a Nigéria é ter acesso a melhores acordos bilaterais de troca em moedas locais, uma das principais bandeiras do grupo do Sul Global. "Muitos países estão obviamente interessados em passar a transacionar uma moeda alternativa ao dólar. A Índia e a Arábia Saudita já manifestaram esse interesse", afirmou Henrique.

"A Nigéria, ao tentar se juntar ao BRICS, possibilita e oferece a ela uma oportunidade de conseguir recursos por meio de outros países", destaca Pereira.

Ainda assim, alertam os especialistas, falta à Nigéria ter claro qual é o seu interesse em entrar no BRICS. Não basta apenas querer entrar, afirmam, até porque o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) está ampliando seu funcionamento agora.
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"Se a Nigéria, em algum momento, perceber que não tem muita clareza no que diz respeito à função e ao papel do BRICS para, por exemplo, solucionar algum dos seus problemas, pode ser que se retire", disse Pereira.
"A Indonésia, por exemplo, quer uma projeção para dentro do Sudeste Asiático. E a Nigéria, o que a Nigéria quer com essa entrada dela no BRICS? Eu acho que isso é algo que tem que estar claro por parte do governo nigeriano […] para não gerar qualquer tipo de problema em um processo posterior."
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