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Brasil ainda está 'virando a chave' para energia nuclear, dizem representantes do setor (VÍDEOS)

© flickr.com / Ministério de Minas e Energia / Saulo CruzPainel da usina nuclear de Angra 1, em Angra dos Reis (RJ), em 26 de fevereiro de 2018
Painel da usina nuclear de Angra 1, em Angra dos Reis (RJ), em 26 de fevereiro de 2018 - Sputnik Brasil, 1920, 08.04.2024
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O Brasil ainda tem um caminho a percorrer quando o assunto é o uso de energia nuclear em território nacional.
Isso é o que representantes do setor defenderam nesta segunda-feira (8), em entrevista à Sputnik Brasil, durante o Nuclear Summit, evento de inovação do setor promovido pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), no Rio de Janeiro (RJ).
O presidente da frente parlamentar nuclear, deputado federal Júlio Lopes (PP-RJ), afirma que falta interesse do governo federal em investir no setor nuclear por esse tipo de energia ainda ser considerada "suja".
Além disso, que há uma carência de difusão de conhecimento sobre a energia nuclear na sociedade.
Recentemente, foi rejeitada a inclusão da energia nuclear como energia limpa no Projeto de Lei (PL) 327/2021, que dispõe sobre a política de transição energética. "Não é concebível o governo votar contra algo que o mundo inteiro e as nações mais importantes reconheceram e estão empreendendo, que é triplicar a energia nuclear no mundo."
Ele ressaltou que a frente parlamentar que preside foi criada há cerca de dois anos, e desde então tem passado por "momentos inacreditavelmente difíceis". "Não temos uma coordenação da área nuclear no governo", reclama.
O parlamentar defende que o Programa Nuclear Brasileiro se mantenha firme por meio de Angra 3, a terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), prevista para funcionar após 2028. "As pessoas não têm esse entendimento de que é um projeto integrado e de que Angra 3, neste momento, é a nave mãe de um sistema que precisa continuar avançando."
Lopes afirmou que durante um encontro com o vice-presidente, Geraldo Alckmin, foi dito a ele que não seria viável realizar os projetos solicitados pelo deputado. "Ele simplesmente me disse: 'Isso não vai acontecer, esquece isso'. Aquilo me deixou absolutamente atônito."
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O presidente da ABDAN, Celso Cunha, defende o potencial brasileiro enquanto possuidor de uma matriz elétrica "extremamente descarbonizada", mas que há muito trabalho a fazer.

"Se a gente for implementar um programa, por exemplo, de carro elétrico, temos de triplicar a geração, no mínimo, nos próximos 20 anos. Isso é uma missão enorme. […] E é impossível de ser cumprida sem a energia nuclear."

Segundo Cunha, entidades ao redor do mundo afirmam que o uso de energia nuclear é um dos caminhos para garantir a transição energética. "O uso da energia nuclear é algo muito novo. Se a gente olhar, isso começou lá nos anos 1920, a Marie Curie morreu contaminada porque não tinha conhecimento […] suficiente na época para isso."
"Estamos falando em menos de 100 anos de sabedoria da existência. Entre o primeiro grande acidente, de Chernobyl, para agora, estamos falando de 60 anos. Naquela época, o nível de procedimentos e de conhecimento das pessoas era muito baixo. Essa transição geracional é muito importante porque a gente precisa mostrar o passado, mostrar os erros do passado e falar do que é o futuro. Não é condenar o passado como se ele fosse um presente."
O presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Celso Pansera, defendeu que "o Brasil está virando a chave da nuclearização".
O ex-ministro da pasta no governo Dilma Rousseff e ex-deputado federal comentou também que há representantes do setor defendendo o uso de amônia verde em território brasileiro. "Há o movimento no mundo para resolver o problema da energia e resolver o problema da sustentabilidade ambiental e as contradições que você tem nesse caminho […]."
O secretário-executivo do MCTI, Inácio Arruda, ressalta que a pasta já acompanha boa parte do setor nuclear brasileiro, que envolve investimentos com "somas elevadas", com cerca de R$ 1 bilhão em três anos, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

"A importância do ministério é ter a capacidade de permitir à população brasileira um conhecimento vasto sobre o papel da energia nuclear na chamada transição energética. Ela é importante para o Brasil, assim como é importante para o mundo inteiro", afirmou, defendendo uma energia de qualidade e limpa aos brasileiros.

Segundo ele, isso só é possível devido às tecnologias e ao pessoal qualificado no Brasil, citando a descoberta do urânio como um dos marcos dos brasileiros, e a maior geradora de energia hidrelétrica — a Itaipu Binacional — estar em solo nacional, com forte participação estatal.

"Quando precisávamos de uma alternativa, na crise do petróleo, desenvolvemos o etanol e fizemos o carro flex. Isso foi a capacidade do povo brasileiro. Na transição energética, que já vem de algum tempo, investimos fortemente nas energias eólica e solar."

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