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'Possibilidade de interferência ocidental neste atentado é muito grande', diz analista sobre Crocus

© Sputnik / Maksim BlinovMulher acende uma vela em um memorial feito por residentes locais, perto do teatro Crocus, em memória às vítimas do ataque terrorista. Rússia, 23 de março de 2024
Mulher acende uma vela em um memorial feito por residentes locais, perto do teatro Crocus, em memória às vítimas do ataque terrorista. Rússia, 23 de março de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 23.03.2024
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Em entrevista à Sputnik Brasil, especialistas analisam o pano de fundo, possíveis motivações e eventuais envolvidos em ataque terrorista no Crocus City Hall, na região de Moscou, que matou mais de 130 pessoas e deixou mais de uma centena de feridos.
O mundo foi surpreendido na última sexta-feira (22) com um ataque atroz ao teatro Crocus City Hall, próximo a Moscou. Na ocasião, homens armados e com trajes camuflados abriram fogo contra os presentes no edifício, além de lançarem granadas que provocaram um incêndio no local.
As operações de resgate foram dadas como encerradas há poucas horas neste sábado (23), mas as autoridades russas seguem em busca de vítimas do atentado. Por outro lado, os serviços especiais e agências de segurança da Rússia seguem investigando os envolvidos e quem pode estar por trás dos ataques. Um homem foi preso neste sábado e disse que agiu "por dinheiro". O Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países), por sua vez, assumiu a responsabilidade pelo ataque.
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De acordo com Boris Zabolotsky, doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a reivindicação não significa que o grupo islâmico tenha sido o mentor, considerando que outros atores podem estar envolvidos. O pesquisador contextualiza, inclusive, que a formação desses grupos tem dissidências de conflitos da Rússia, quando ex-combatentes da Chechênia fogem e se refugiam em países como a Síria, o Afeganistão e o Iraque.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou neste sábado que os envolvidos no ataque feito no Crocus City Hall avançaram em direção à Ucrânia, onde, de acordo com dados preliminares, foi preparado um "corredor" para que eles pudessem atravessar a fronteira.
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Zabolotsky afirma, conforme o contexto, que a Ucrânia recebeu muitos soldados do grupo extremista para lutarem lado a lado no conflito contra a Rússia. Portanto, segundo ele, uma provável associação que pode ser feita é, como eles se deslocavam para a Ucrânia, eles poderiam, de fato, ter vindo de lá e planejado o ataque também a partir do país vizinho.
"Isso é uma coisa que precisa ser investigada, se eles tiveram de fato uma mentoria, um apoio ou algum auxílio seja de inteligência, seja financeiro da Ucrânia ou de algum país ocidental", destaca o analista.
"A grande questão que se coloca é como o Estado Islâmico, que está numa situação de debilidade após a derrota na Síria, teria condições de orquestrar um grande ataque nesse nível em Moscou sem uma mentoria, sem um auxílio, de uma forma independente", argumenta Zabolotsky em entrevista à Sputnik Brasil.
A hipótese da reivindicação do ataque pelo Daesh, prontamente, foi acatada e reafirmada pelos Estados Unidos, que também, ainda diante de informações precárias e poucas horas após o atentado, foram rápidos em afirmar que a Ucrânia não teria ligação com os ataques. O alto escalão do governo russo, entretanto, adota ressalvas em relação "às certezas" norte-americanas.
A representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, criticou, também neste sábado, as tentativas deliberadas de ligar o atentado ao Crocus City Hall ao Daesh.
"O mais importante é que as autoridades americanas não se esqueçam de como a sua informação e ambiente político ligaram os terroristas que atiraram nas pessoas no teatro de Crocus com a organização terrorista", escreveu em uma publicação no Telegram.
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Para Robinson Farinazzo, analista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil, o ataque na região de Moscou não se caracteriza em nada com ações do grupo islâmico.
Eles [Daesh], "na verdade, são usados como uma franquia, como uma marca de fantasia; alguém patrocina um grupo qualquer, um grupo terrorista qualquer que faz um ato", afirmou ao dizer que os ataques são assinados pelos grupos islâmicos, mas provavelmente não são realizados por eles, acreditando que as investigações darão conta disso. "O Coronel McGregor já disse que a CIA e o MI6 britânico estão por trás desse atentado".
Farinazzo ressalta que "a possibilidade de ter interferência ocidental nesse atentado é muito grande". A efeito de comparação, o especialista relembra o ataque que aconteceu neste ano no Irã ao túmulo do general Soleimani, evento que também foi "colocado na conta" do Daesh.
"Ele [o ataque ao Crocus] guarda as mesmas características com o atentado que aconteceu no Irã meses atrás no túmulo do general Soleimani, que matou dezenas de pessoas. Depois o ISIS teria assumido [a responsabilidade do ataque], mas o Irã não acreditou nisso e atacou grupos baluques no Paquistão. Então, na verdade, o Irã sabia que aquilo ali era uma falsa bandeira e procurou os verdadeiros responsáveis, como os russos também sabem que esse é um ataque de falsa bandeira e provavelmente irão atrás dos responsáveis".

EUA sabiam da possibilidade do ataque e não avisaram a Rússia?

Larry Johnson, oficial de inteligência aposentado da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês), supôs, na sexta-feira, que os EUA tinham informações de que os ataques iriam acontecer e não compartilharam com a Rússia. A porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, confirmou, no mesmo dia, que os EUA receberam, em março, dados sobre a preparação de um ataque terrorista em Moscou, presumivelmente em locais lotados, e os compartilharam com a Rússia.
Farinazzo, em sua análise, relembra que em janeiro deste ano, Victoria Nuland, subsecretária de Estado para Assuntos Políticos dos EUA, fez "uma declaração de que a Rússia teria algumas surpresas. Ela fez essa declaração em Kiev depois de ter encontrado autoridades. Doze dias depois, dia 12 de fevereiro, ela pede demissão e é admitida pelo Departamento de Estado americano".
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Segundo o pesquisador, a ilação que se faz, é que "provavelmente ela sabia desses atentados e alguém no Departamento de Estado, ou no alto escalão do governo americano, disse um basta para isso".
"O alerta que os americanos deram talvez se dê ao fato que eles efetivamente sabiam, ninguém tem dúvidas disso, mas eles já não poderiam parar a operação. Talvez esse alerta tenha sido além do que apareceu na imprensa, talvez tenha havido conversação entre autoridades dos dois governos, dos EUA e da Rússia, mas essas autoridades americanas talvez não tivessem acesso a todas as informações", completa.
O que o cenário aponta, segundo Farinazzo, é que podem haver divergências no alto escalão político em Washington "sobre a maneira de conduzir" o conflito na Ucrânia.
Uma fonte dos serviços de inteligência russos confirmou que as informações dos EUA sobre a preparação de ataques terroristas em Moscou foram realmente recebidas, mas que eram de natureza geral, sem quaisquer detalhes específicos.
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que "o Serviço Federal de Segurança da Rússia e outras agências policiais estão trabalhando para identificar e revelar toda a base de cúmplices dos terroristas" e salientou que a Rússia conta com a cooperação de todos os países que compartilham a dor da tragédia e estão prontos para se juntar a ela na luta contra o terrorismo.
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