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Análise: América Latina e Caribe devem mirar projetos a longo prazo para resolver desafios comuns

© Ricardo Stuckert / Palácio do Planalto8ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados Latino- Americanos e Caribenhos (CELAC), em fevereiro de 2024
8ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados Latino- Americanos e Caribenhos (CELAC), em fevereiro de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 05.03.2024
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Conciliar interesses e necessidades de 23 países com economias e realidades tão diferentes em busca de complementaridade: esse é o principal desafio da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), criada em 2010 e que esteve reunida em sua oitava edição na semana passada, em São Vicente e Granadinas, no Caribe.
Para debater as perspectivas geopolíticas trazidas pelo encontro, o Mundioka, podcast da Sputnik Brasil, ouviu especialistas no assunto.
O analista internacional e jornalista do Opera Mundi Victor Farinelli lembrou que o nível de integração sempre dependerá do cenário do momento e argumentou que apesar das ausências relevantes no encontro, como as dos presidentes do Chile, da Argentina e do México, as reuniões produziram resultados positivos para a região.

"Acho que houve muitos acordos de grande eloquência nos encontros anteriores, e que talvez a cúpula deste ano possa começar a aterrissar um pouco as expectativas, começar a avançar em projetos que a longo prazo consigam dar mais certo do que os dos anos passados", comentou.

Ainda segundo o especialista, projetos mais grandiloquentes têm pouca chance de sucesso no atual cenário geopolítico, cada vez mais polarizado, "mais de briga entre esses países que querem se aproximar ou do Sul Global ou do Ocidente".
O professor de economia e relações internacionais e especialista em integração regional Thauan Santos concorda que os países da região têm endereçado "temas de mais longo prazo, em vez de olhar questões mais conjunturais de curto prazo", na busca de soluções conjuntas para desafios comuns.

"Usaram diferentes dados oficiais da CEPAL, que é a Comissão Econômica da ONU para a América Latina e o Caribe, para mostrar, por exemplo, que cerca de 30% da população da região, ou 180 milhões de pessoas, ainda têm renda insuficiente para necessidades básicas e cerca de 11%, cerca de 70 milhões de pessoas, ainda passam fome", elencou ele.

Foto tirada pelo presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, dos demais líderes da 8ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados Latino- Americanos e Caribenhos (CELAC), em fevereiro de 2024
Foto tirada pelo presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, dos demais líderes da 8ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Estados Latino- Americanos e Caribenhos (CELAC), em fevereiro de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 05.03.2024
Foto tirada pelo presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, dos demais líderes da 8ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados Latino- Americanos e Caribenhos (CELAC), em fevereiro de 2024
Santos destacou que as questões ambiental e energética também se mostraram pautas comuns prioritárias no contexto atual de emergência climática, uma vez que a região concentra mais de um terço das reservas de água do planeta.

"Houve a proposta [na CELAC] de reativação das reuniões dos ministros de Energia da região, por exemplo, para aprofundar os mecanismos de integração regional para lidar com desafios que estão colocados hoje na agenda global, como transição energética, mudança climática, desenvolvimento sustentável, erradicação da fome e a pauta de promoção de igualdade de gênero, por exemplo."

Farinelli também pontuou que países maiores da região, como o Brasil, devem empoderar lideranças de países que hoje estão mais vulneráveis à lógica comercial e econômica do Ocidente.

"Como se trata de países muito pequenos, a capacidade deles de se livrar de problemas é muito maior. Por isso, é muito importante que esses países sejam cada vez mais parte de mecanismos como a CELAC e, principalmente, se identifiquem como parte desse Sul Global, e não do mundo que está atrelado ao Ocidente", comentou.

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O jornalista ponderou que sempre haverá governos mais interessados em se aliar ao Ocidente, além de países que ficam em cima do muro, dependendo do contexto histórico de cada nação.
Entretanto, segundo ele, está em curso uma polarização cada vez maior no planeta, entre os países liderados pelos Estados Unidos, com a Europa se tornando cada vez mais subalterna, e os que defendem um mundo multipolar.

"De forma lenta, mas inevitavelmente, haverá uma divisão importante, e cada vez que a gente tiver uma mudança de governo, essa integração vai ser tocada. Acredito em uma integração regional a partir de pequenos projetos entre países específicos, e que depois vão se somando outras forças à medida que esses projetos tenham resultado. Mais do que projetos como uma moeda comum, que exigem apoio de diversos países para que se tornem realidade", concluiu.

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