Chanceler argentina propõe se aproximar do Reino Unido para recuperar Ilhas Malvinas

A chanceler argentina Diana Mondino propôs o restabelecimento de uma relação amistosa com o Reino Unido como parte da estratégia de recuperação das Ilhas Malvinas (Falklands, para os ingleses) e do arquipélago circundante, ocupadas por Londres após a guerra entre as nações em 1982.

"Estamos mudando a estratégia para ver se temos mais sucesso do que em uma guerra ou se negamos qualquer tipo de relação com o Reino Unido, que têm sido as opções anteriores. É provável que trabalhando em conjunto e tendo uma sociedade mais saudável e uma economia ordenada seja mais fácil recuperar as ilhas como todos gostaríamos na Argentina", disse Mondino em entrevista à Rádio Mitre, na qual explicou os resultados da recente reunião que manteve com o primeiro-ministro britânico David Cameron.

A responsável descartou que exista qualquer tipo de dúvida sobre o objetivo que a atual administração de Javier Milei tem nas ilhas.

"Não há discussão sobre a reivindicação, ela está na Constituição Nacional", afirmou.

A diplomata expressou que se pretende estabelecer uma "agenda positiva que seja favorável para ambas as partes, embora sempre haja pela frente esta nuvem obscura das Malvinas", por isso é necessário "ter muito cuidado em que coisas [essas relações] são criadas e como elas são criadas".

Mondino revelou que o encontro com Cameron foi "mais longo do que o habitual" e esclareceu que a recente visita do primeiro-ministro às ilhas "foi repreensível" do ponto de vista local.

A chanceler também expressou que muitas mães, que ainda não puderam visitar os túmulos de seus filhos — soldados argentinos que perderam a vida na guerra que durou dez semanas em 1982 — esperam poder finalmente viajar para as ilhas.

A nação sul-americana reivindica a soberania sobre as Ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul, localizadas no Atlântico Sul, a menos de 500 quilômetros da costa argentina e a 12.700 quilômetros do Reino Unido, desde que este país as ocupou em 1833.

Desde então, ambas as nações mantêm uma disputa pela soberania do arquipélago, o que levou, em abril de 1982, à ditadura argentina (1976-1983) a tentar recuperá-las através de uma guerra que culminou em 14 de junho com a derrota do país sul-americano e com quase mil mortos entre ambos os lados.

O Reino Unido e a Argentina retomaram as relações diplomáticas em fevereiro de 1990, durante a gestão do então presidente Carlos Menem (1989-1999).

Nessa altura, o então chanceler Guido Di Tella também tentou estabelecer uma relação de amizade, inicialmente com os Kelpers (como são conhecidos os habitantes das ilhas), depois com o governo britânico, no âmbito de um alinhamento sem reservas que a administração teve com os Estados Unidos.

Em 2016, o ex-secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, Malcolm Rifkind, revelou que, em 1997, Di Tella propôs que as Ilhas Malvinas fossem "independentes" de ambos os países, embora as negociações tenham falhado porque "as letras miúdas diziam que o vice-governante tinha que ser argentino".