No G20, Borrell da UE pede a Mauro Vieira para ser 'porta-voz da solução de 2 Estados' em Gaza

Em entrevista no Rio de Janeiro ao participar do G20, Josep Borrell reconheceu que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) não é "mais funcional" da maneira como está estabelecido e fez comentários sobre o conflito na Faixa de Gaza.

O chefe da Política Externa da União Europeia (UE) disse que a proposta brasileira para uma ampla reforma no órgão da ONU era "muito boa".

"O Brasil conseguiu colocar sobre a mesa a preocupação de que o mundo emergente está se tornando um dos líderes mais importantes do mundo, de fato. E essa proposta é muito significativa. Vamos ver como ela está sendo aceita. Mas uma coisa é fato: se o Conselho de Segurança tiver cada vez mais e mais vetos, ele será [cada vez menos útil]", disse Borrell segundo o jornal O Globo.

O diplomata citou os vetos pelos cinco países que têm esse poder no órgão (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido) dizendo que criam "um claro bloqueio para o funcionamento das Nações Unidas em geral".

"Não há confiança entre os membros da comunidade mundial, e o mundo está se tornando cada vez mais polarizado. Não se trata apenas de discordâncias sobre a solução de conflitos, trata-se de algo muito mais existencial, que é a vida ou a morte, disse Borrell.

A autoridade espanhola também falou sobre o conflito na Faixa de Gaza e pediu para que o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, fosse o "porta-voz da solução de dois Estados" para a região e que defendesse a questão para o mundo, segundo a mídia.

Sobre a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao assunto no último final de semana, Borrell disse que a situação em Gaza é preocupante, mas que o paralelo "não é razoável".

"Não quero interferir em uma questão interna, mas para nós é claro que Lula não quis fazer uma comparação entre o que os alemães fizeram durante a Segunda Guerra Mundial, organizar uma matança sistemática de 6 milhões de pessoas, com o que acontece hoje com os palestinos. O que acontece em Gaza é preocupante, mas essa comparação não é razoável."

Ainda sobre as tensões na região, o representante do bloco europeu demonstrou preocupação com o número de civis palestinos mortos recentemente na Cisjordânia ao dizer que a região "está fervendo".