Mídia: preços do gás natural despencam enquanto EUA estabelecem inverno mais quente já registrado

Graças ao clima ameno, os EUA têm registrado a menor demanda durante o inverno (Hemisfério Norte) o que coincidiu com o aumento da produção.

De acordo com o Financial Times (FT), os preços do gás natural nos EUA caíram para o valor mínimo de quase três décadas graças ao aumento da temperatura média esperada para o inverno, reduzindo a procura pelo combustível e aumentando os níveis de produção.

Durante os meses de inverno, quando a procura por aquecimento é maior, a produção aumenta na expectativa de suprir a demanda, que este ano está muito abaixo do esperado, baixando os preços vertiginosamente em contrapartida.

"É uma loucura [...] algo muito incomum está acontecendo", disse Matt Rogers, da consultoria Commodity Weather Group (CWG). "Odeio usar a palavra devastador – mas o piso realmente caiu devido às expectativas de demanda", afirmou.

As mudanças climáticas tem levado a invernos cada vez mais quentes em todo o mundo. Dados divulgados este mês mostraram que a temperatura média global ultrapassou pela primeira vez a referência de 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais ao longo de um período de 12 meses.

Segundo dados da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA, agência governamental responsável pelo mapeamento das tendências meteorológicas, a cobertura de gelo nos Grandes Lagos caiu para um mínimo histórico para esta época do ano.

Analistas ouvidos pela apuração do FT calculam que o último período de inverno, de dezembro a fevereiro, será o mais quente desde que foi instalado equipamento de medição nos aeroportos dos EUA, na década de 1950. O CWG estima que será 3% mais quente do que o recorde anterior estabelecido em 2015-2016, com base em graus-dia de aquecimento ponderados pelo gás.

Desde o início da revolução do xisto, há 15 anos, a produção de gás nos EUA atingiu novos patamares. A S&P Global Commodity Insights estima que a produção atingiu um recorde de mais de 32 bilhões de metros cúbicos por dia em dezembro. A produção caiu em janeiro, antes de retornar para o mesmo patamar do fim do ano de 2023 no início de fevereiro.

"Acho que provavelmente enfrentaremos alguns problemas do ponto de vista da produção se continuarmos nesse nível", disse o diretor de pesquisa da S&P, Luke Larsen ao FT, afirmando que "podemos muito bem ver interrupções na produção".

Vários produtores de gás indicaram planos para reduzir os programas de perfuração nos últimos dias, com a queda nos preços pressionando suas margens de lucro.

Os traders consideram que o desequilíbrio entre a oferta e a procura deve levar algum tempo para desaparecer, sugerindo poucas hipóteses de uma melhoria significativa dos preços nos EUA no curto prazo.