Pedido desesperado dos EUA para financiar Ucrânia enfrenta desafios em meio a crise política

A situação política disfuncional e a queda acentuada na popularidade do financiamento para Kiev combinaram-se para ameaçar os esforços do aliado dos Estados Unidos na condução do conflito.

A diretora do Escritório de Gestão e Orçamento americano, Shalanda Young, expressou desespero ao apelar ao Congresso para aprovar mais um pacote de financiamento para a Ucrânia. "Certamente, ultrapassamos meu nível de conforto."

Apesar de os legisladores terem enviado recentemente US$ 250 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão) de ajuda letal para o regime de Vladimir Zelensky, Young insistiu que não era suficiente e instou os parlamentares a aprovar um pacote mais substancial, descrevendo a situação como "crítica".

Biden tem autoridade legal limitada para enviar armas a Kiev sem a aprovação do Congresso, mas só pode enviar armamentos dos estoques existentes dos EUA, em vez de destinar os fundos necessários para reabastecê-los.

Sua administração explorou essa abordagem, mas Young insistiu que a ação presidencial "não vai fornecer grandes lotes de equipamento para a Ucrânia".

A presidente do orçamento criticou a inação do Congresso, alertando que o apoio militar contínuo era importante para projetar o poder dos EUA.

"Sim, Kiev pode ter algum tempo de outros doadores para garantir que possam manter sua postura de guerra, manter o serviço civil, mas o que acontece na União Europeia, em outros aliados da OTAN, se os EUA retirarem seu apoio?", questionou ela. "Que mensagem isso envia para o resto do mundo? E quais serão suas decisões ao verem os Estados Unidos não agirem?"

Enquanto a Ucrânia luta consistentemente em seu conflito com a Rússia, os esforços de Zelensky no campo de batalha parecem destinados a continuar levando o país em direção ao colapso. Kiev solicitou assistência americana apenas para continuar realizando funções governamentais básicas.

Enquanto isso, a Rússia tem se saído bem desde a imposição de amplas sanções ocidentais em 2022, destinadas a prejudicar economicamente o país.

O presidente dos EUA tem demonstrado grande disposição em garantir dinheiro para a Ucrânia, chegando ao ponto de oferecer concessões aos republicanos em questões de política de fronteira, um assunto altamente controverso para alguns setores da base do Partido Democrata.

Biden continuou muitos elementos da abordagem de seu antecessor sobre a questão, inclusive completando segmentos do muro de fronteira do ex-presidente Donald Trump.

Se a Ucrânia se aproxima do colapso, os americanos podem não estar muito melhor, com crise política de baixa intensidade ainda fervendo desde os tumultos sem precedentes na Câmara dos Representantes no ano passado.

O financiamento para Kiev provavelmente será complicado pela imperativa renovação para evitar uma paralisação do governo, com um prazo para o financiamento federal se encerrando em menos de duas semanas.

Se o Congresso não conseguir concordar com um projeto de lei, os serviços governamentais serão forçados a interromper as operações e os pagamentos de serviços sociais poderão ser adiados.

Segundo relatos, os legisladores nem começaram o processo de redação da legislação necessária, que requer concordância sobre os valores de gastos gerais para várias agências federais. "Eu aceito da maneira como eles puderem aprovar", disse Young, referindo-se tanto à ajuda à Ucrânia quanto ao financiamento geral do governo.