Hamas entrega 2 reféns para Israel; negociações para liberar outros 50 falharam

Detidos desde o dia de 7 de outubro pelo Hamas, o movimento liberou dois reféns para Israel nesta segunda-feira (23), informa comunicado. Conforme o grupo, a dupla seria entregue há dois dias por "razões humanitárias", mas o país se recusou a recebê-los. As negociações aconteceram com o apoio do Catar.

As Forças de Defesa de Israel (FDI) estimam que pelo menos 210 pessoas são mantidas em cárcere pelo Hamas. Na última semana, duas americanas foram libertadas por conta das frágeis condições de saúde, o que também ocorreu com a ajuda do país árabe: Judith Tai Raanan e sua filha, Natalie Raanan, de 17 anos, foram sequestradas durante o ataque-surpresa do grupo contra Israel no início do mês.

Mais cedo, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) disse que poderia receber mais 50 pessoas reféns do Hamas nas próximas horas pela fronteira com o Egito. Representantes da entidade estavam a caminho da Faixa de Gaza, onde se concentra o conflito que já deixou mais de 6 mil pessoas mortas. Porém, as negociações fracassaram depois que o Hamas exigiu combustível em troca dos reféns.

Ainda conforme a Cruz Vermelha, o grupo é composto por civis que possuem passaporte estrangeiro. A informação é da emissora israelense i24NEWS.

O conflito já dura 17 dias, com bombardeios diários às cidades de Gaza, e Israel ainda prepara uma operação por 'terra e mar', o que pode intensificar os confrontos. Autoridades palestinas preveem que, caso ocorra a invasão terrestre, podem morrer de 10 mil a 15 mil pessoas.

O número de feridos na região já ultrapassa 14 mil e, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), os hospitais estão em colapso por conta da quantidade de atendimentos. Os bloqueios ao território também deixam os estoques de medicamentos perto do fim.

Falta de combustível ameaça bebês

No domingo (22), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF, na sigla em inglês) também fez um alerta preocupante: a falta de combustível para gerar energia nas unidades hospitalares pode deixar em risco cerca de 120 bebês que estão em incubadoras.

A ajuda humanitária começou a chegar no sábado (21), com um comboio de 20 caminhões que levavam água, alimentos e medicamentos. No domingo, o apoio internacional precisou ser paralisado na fronteira com o Egito por conta de bombardeios israelenses próximos a Rafah.

Também há impasses com Israel, que quer fazer uma verificação de todos os caminhões para evitar que cheguem armas e equipamentos para o Hamas.

A ONU estima que, para normalizar os estoques na Faixa de Gaza, são necessários 100 caminhões por dia. Antes dos confrontos, chegavam pelo menos 300.

Com cerca de 2,3 milhões de habitantes, o território palestino é um dos mais vulneráveis do mundo, onde 80% da população vive em situação de pobreza e os índices de desemprego beiram 45%. A região convive com os bloqueios por terra, ar e água de Israel desde 2007, inclusive com o fornecimento de água e energia elétrica irregular.

Países como Brasil e Rússia defendem uma saída diplomática para o conflito, enquanto crescem as tensões e há apreensão sobre uma escalada dos confrontos com países como Líbano e Cisjordânia, que fazem fronteira com Israel.