Refinarias da Índia resistem a pagar petróleo russo com yuans por pressão do governo, diz mídia

Governo de Narendra Modi não concorda com pagamento em moeda chinesa, segundo pessoas do setor e dois outros funcionários do governo indiano. Quase 70% das refinarias da Índia são estatais, o que significa que teriam de seguir ordens de pagamento do Ministério das Finanças.

A Índia está rejeitando a exigência de fornecedores russos para que as importações de petróleo bruto sejam pagas em yuan, de acordo com um alto funcionário indiano diretamente envolvido nas negociações e outro alto funcionário de uma refinaria de petróleo estatal, ambos ouvidos pela Bloomberg.

As refinarias indianas pagam principalmente pelas importações de petróleo russo em dirhams (a moeda dos Emirados Árabes Unidos), dólares americanos e uma pequena quantidade em rúpias – se os preços do petróleo estiverem acima dos US$ 60 (R$ 302) por barril imposto pelos Estados Unidos e seus aliados ao petróleo russo.

Essas refinarias querem usar dirhams em vez de yuans para cumprir as instruções do governo, segundo uma das pessoas familiarizadas com o assunto.

No entanto, alguns fornecedores de petróleo russo não são a favor da utilização da moeda dos EAU, uma vez que isso exige que realizem as transações fora de Dubai, o que resultaria num maior escrutínio dos fundos.

A Indian Oil, a maior refinaria estatal, já havia feito um pagamento em yuans pelo petróleo russo em 2022, mas depois passou a ser reprimida desde então, segundo a mídia.

Um executivo de uma refinaria de petróleo indiana, que pediu para não ser identificado, disse à agência que o pagamento de cerca de quatro a cinco cargas foi adiado recentemente porque as partes envolvidas não chegaram a um acordo sobre a moeda de troca.

A resistência de Nova Deli às transações em yuan sublinha a sua dificuldade em equilibrar as relações entre Moscou, um importante aliado econômico, e Pequim, um rival geopolítico. A Rússia é hoje o principal fornecedor de petróleo bruto para a Índia, respondendo por quase metade das compras do país do sul da Ásia.

Ao mesmo tempo, as relações entre a Índia e a China têm permanecido tensas, à medida que as disputas fronteiriças nos Himalaias continuam a ferver e à medida que as duas nações mais populosas do mundo competem pela influência global, especialmente no mundo em desenvolvimento.

Popularizar o yuan em detrimento da rupia também prejudica os esforços da própria Índia para internacionalizar a sua moeda e arriscaria uma reação negativa contra Modi e o seu governo, enquanto ele procura um terceiro mandato nas eleições do próximo ano, analisa a mídia.

Vale lembrar que a Índia foi a única nação do bloco BRICS que se opôs à introdução de uma moeda comum, temendo que esta acabasse por favorecer o yuan.