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Teoria ou teatro: há alguma diferença entre a 'Bidenomia' e 'Trumponomia'?

© AP Photo / Patrick SemanskyFotos mostram Donald Trump e Joe Biden participando do primeiro debate presidencial.
Fotos mostram Donald Trump e Joe Biden participando do primeiro debate presidencial. - Sputnik Brasil, 1920, 29.09.2023
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Joe Biden, provavelmente, enfrentará seu antecessor, Donald Trump, pela segunda vez nas eleições presidenciais de 2024. Apesar da retórica hostil entre os dois, o professor de economia marxista Richard Wolff argumenta que ambos estão promovendo a mesma política econômica.
Tanto Trump quanto Biden deram o seu apoio à greve do sindicato dos Trabalhadores Automotivos Unidos (UAW, na sigla em inglês) que fechou três grandes fabricantes de automóveis nos EUA: Ford, General Motors e Stellantis, cada um alegando ser mais pró-trabalhista do que o outro.
O economista Richard Wolff contou à Sputnik que a demonstração de apoio por parte de Trump e Biden foi apenas mais um "teatro político a que já nos acostumamos".

"Donald Trump nunca esteve do lado trabalhista. Ninguém que tenha acompanhado sua carreira ao longo dos anos tem qualquer ilusão a esse respeito", apontou. "A ação econômica mais importante tomada nos quatro anos [de 2016 a 2020] em que Trump foi presidente foi um enorme corte de impostos aprovado em dezembro de 2017, que deu a maior parte do alívio fiscal às maiores corporações e aos indivíduos mais ricos dos Estados Unidos".

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"Entretanto, o mesmo se aplica a Joe Biden. Quero dizer, quem acompanhou a sua carreira desde o início não tem ilusões de que este é um homem com uma política pró-trabalhista", continuou Wolff.

"É por isso que até mesmo a grande mídia observou que é a primeira vez que um presidente americano é fotografado em um piquete, claramente ao lado dos trabalhadores, em vez de entoar os textos cívicos usuais que o acompanham".

"Se nenhum deles tem qualquer histórico de qualquer coisa realmente pró-trabalhista, então por que eles estão lá?", questiona Wolff. "Todos nós sabemos que eles estão lá para obter votos. Agora, isso pode ser a explicação no caso de Trump, porque ele fez um pouco disso na campanha até 2016 e depois surpreendeu Hillary Clinton ao obter votos suficientes de quatro ou cinco estados para derrotá-la naquela eleição. Ele está tentando fazer isso de novo".
Com as eleições presidenciais acontecendo no próximo ano, Biden está preocupado com a possibilidade de perder os votos dos sindicatos, que têm pendido mais para o lado dos Democratas desde a década de 1990.
"Pesquisas recentes indicam que a corrida entre Biden e Trump está muito acirrada e bem mais acirrada do que os democratas esperavam que fosse a esta altura. É por isso que estão nervosos", disse Wolff. "Portanto, temos o sr. Biden, que costumava dizer o quão pró-trabalhista ele é, mas as palavras não têm muito valor, falar é fácil".
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O professor ainda explicou que a atual estratégia econômica foi planejada ao longo de décadas e não ao longo de mandatos presidenciais de quatro anos.
"Sou um economista profissional. Tenho trabalhado nisso há 50 anos e posso garantir que tudo o que acontece hoje, e isso é verdade no caso dos Estados Unidos e no caso de todos os outros países do mundo, é o produto de muitas forças agindo durante um longo período de tempo", argumentou Wolff. "O que acontece hoje é, pelo menos, tanto o resultado das decisões tomadas por Donald Trump ou por Barack Obama [ex-presidente dos EUA], ou por Bush pai e filho, etc., etc., quanto pelo sr. Biden. Nada acontece tão rápido".
O especialista disse que o verdadeiro desafio econômico que os EUA enfrentam é a ascensão do BRICS, destacando a China, Índia e Rússia, e o fim da hegemonia estadunidense em um mundo unipolar.
"Mas, em geral, eles estão fugindo desses tópicos", observou Wolff. "Eles estão procurando outras coisas que possam se posicionar e chamar a atenção das pessoas, porque não querem ser associados à análise do problema real, porque isso é assustador, e não querem ser associados a algo que as pessoas estão com medo de olhar ou inclinadas a fingir que não está lá".
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