Ausência de Xi na cúpula do G20 é vista como novo golpe nas relações entre Índia e China, diz mídia

A decisão do presidente chinês Xi Jinping de não participar na cúpula do G20 é vista como um insulto a Nova Deli e um novo golpe nas relações já congeladas entre os gigantes asiáticos com armas nucleares, segundo mídia.

Nenhum dos países comentou a decisão de Xi de não participar na cúpula, mas os analistas, inqueridos pela Reuters, disseram que a decisão se somou às irritações já existentes, incluindo o impasse militar na fronteira do Himalaia e a insistência da Índia em não avançar sem resolver o problema na fronteira.

Os principais problemas nas relações entre a China e a Índia são o impasse militar no Himalaia e a participação da Índia no grupo Quad (Diálogo de Segurança Quadrilateral), afirmou Shi Yinhong, professor de relações internacionais da Universidade Renmin da China.

Pequim considera o Quad, que é composto pelos Estados Unidos, Japão, Austrália e Índia, hostil à China.

"Ela [a Índia] manifesta uma oposição mais forte às reivindicações da China sobre o mar do Sul da China e, de um modo geral, constrói frotas navais para competir com a China [...] aumenta as proibições ou restrições severas contra as exportações de tecnologia e investimento direto chineses para a Índia", afirmou Shi Yinhong.

Estes problemas entre os dois países existem há muitos anos e continuarão a existir, de acordo com ele.

А decisão de Xi de não participar na cúpula foi "invulgar", disse o ex-secretário de Relações Exteriores indiano Shyam Saran.

A ausência de Xi na cúpula do G20 "não é um bom presságio" para as relações entre a Índia e a China, afirmou o professor de relações internacionais da Universidade Jawaharlal Nehru em Nova Deli Happymon Jacob.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia não respondeu na terça-feira (5) a um pedido da Reuters de comentar a decisão de Pequim de enviar o premiê Li Keqiang em vez de Xi para a cúpula de 9 e 10 de setembro.

Perguntado se a decisão de Xi refletia as tensões entre a China e a Índia, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse que Pequim apoiava a ideia da Índia de realizar a cúpula. As relações entre a China e a Índia "permanecem estáveis" e Pequim está disposta a trabalhar com Nova Deli para melhorá-las, acrescentou Mao.

Embora as autoridades do governo indiano tenham tentado, em particular, amenizar a ausência de Xi, dizendo que os líderes estão deixando de participar nas cúpulas por seus próprios motivos, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, disse que a decisão mostra o desconforto de Pequim com a ascensão econômica da Índia.

"Se calhar é difícil para eles engolir o fato de que, durante quatro décadas, eles foram a economia com o crescimento mais rápido e agora é a Índia", acrescentou o premiê indiano.

As relações entre a Índia e a China se deterioraram depois que soldados de ambos os lados entraram em confronto no Himalaia ocidental em junho de 2020, resultando na morte de 20 soldados indianos e quatro chineses.