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Potência em ascensão: parceiros no BRICS, Brasil deve refletir sobre sucesso da Índia, diz analista

© Foto / Ricardo Stuckert / PRPresidente da Republica, Luiz Inacio Lula da Silva, durante Encontro com o Primeiro-Ministro da República da Índia, Narendra Modi
Presidente da Republica, Luiz Inacio Lula da Silva, durante Encontro com o Primeiro-Ministro da República da Índia, Narendra Modi - Sputnik Brasil, 1920, 30.08.2023
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O sucesso espacial não é um caso isolado na lista de conquistas da Índia nos últimos tempos e pode ser encarado como um êxito para o BRICS. Segundo especialista ouvido pela Sputnik, o país reúne importantes características de uma potência em ascensão, podendo servir de exemplo para o Brasil.
Na última semana, a Índia chamou a atenção do mundo ao se tornar o primeiro país a realizar um pouso no polo sul da Lua, com a missão bem-sucedida Chandrayaan-3, se tornando, também, o quarto país a aterrissar no satélite natural da Terra.
"A realização da missão Chandrayaan-3 coloca a Índia na lista dos países que tiveram sucesso na corrida espacial. Isso significa um reconhecimento da sua capacidade tecnológica, científica e também administrativa", afirma, em entrevista à Sputnik Brasil, Annibal Hetem Junior, professor do curso de Engenharia Aeroespacial da Universidade Federal do ABC (UFABC).
O feito indiano, segundo o acadêmico, permitirá complementar o que os cientistas já conhecem sobre a superfície da Lua. E, como a missão tem como foco uma região ainda não explorada, ela pode contribuir com importantes novidades sobre o assunto, trazendo também um retorno muito positivo para o país responsável.
Nesta foto divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia, os participantes participam de uma reunião durante a 15ª Cúpula do BRICS no Centro de Convenções Sandton, em Joanesburgo, África do Sul - Sputnik Brasil, 1920, 30.08.2023
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"Eu acredito que o desenvolvimento de novas tecnologias gera novas oportunidades em todas as áreas. O setor espacial é especialmente citado nesses casos por se tratar do mais alto nível de especialidade e foco. Com toda certeza, tudo o que a Índia desenvolveu para chegar ao Chandrayaan-3 terá retorno positivo para seu povo, seja como benefícios diretos ou como patentes."
Além do impacto na sociedade indiana, esse sucesso, na opinião do professor, pode ser benéfico também para os parceiros da Índia, incluindo o Brasil, aliado do país asiático no grupo BRICS.
"O BRICS é essencialmente um relacionamento comercial e, portanto, sem maiores incursões em aspectos científicos. Entretanto, todo contato comercial leva a trocas de tecnologias e conhecimentos. Logo, devemos esperar que haja cooperações da Índia com o Brasil, mas não de imediato", avalia o especialista, destacando que a última atualização das metas do Brasil no setor, publicadas no Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), não traz dados sobre possíveis parcerias com a Índia ou sobre projetos ligados a sondas espaciais ou missões de longo alcance.
"Tudo o que puder ser feito no sentido de viabilizar um envolvimento do Brasil com o programa espacial indiano será visto daqui em diante, a partir de ações que podem se iniciar agora."
Em termos geopolíticos, Williams Gonçalves, professor de relações internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), acredita que o êxito da missão espacial indiana representa muito para o BRICS como um todo, ao fortalecer a sua imagem aos olhos de uma série de países que veem o grupo como uma liderança que se opõe de maneira firme à antiga ordem internacional liderada por Estados Unidos e Europa.
"Hoje, essa ideia de mudança da ordem está completamente disseminada. Os grandes países da periferia querem se integrar ao BRICS, querem participar do BRICS, querem participar dessa mudança da ordem. De modo que o sucesso econômico, científico e tecnológico de cada país que compõe o BRICS é muito representativo. E isso, obviamente, inclui o sucesso da missão espacial indiana", explica à Sputnik Brasil.
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Para Gonçalves, essa ideia de mudança da ordem encarnada pelo BRICS é tão importante que deve ser vista até como algo mais fundamental do que a capacidade de cooperação entre seus membros. Ele ressalta que a cooperação internacional envolvendo tecnologias avançadas não é algo simples. De maneira que, para o Brasil, além da questão do fortalecimento do BRICS, esse sucesso indiano precisa ser analisado mais como um exemplo a ser seguido.

"É necessário que haja um esforço dentro de cada país. Em se tratando do Brasil, de cooperação, é necessário que haja, da parte do Brasil, um esforço com vistas a alcançar esse estágio", opina. "Mas não há dúvidas de que o êxito da Índia pode ser considerado um êxito nosso também, na medida em que isso fortalece o BRICS."

O analista aponta que o grande feito indiano no espaço vem acompanhado de avanços importantes em diversas outras áreas, desde o setor econômico ao nuclear, levando o país a um crescente reconhecimento internacional.
"O seu desempenho econômico, seu desempenho tecnológico, seu investimento em ciência e tecnologia é altíssimo. Portanto, é algo sobre o qual deveríamos refletir com mais profundidade. E a sua importância se dá também pela sua inserção geoestratégica. A Índia é vizinha da China, próxima da Rússia, colabora muito com a Rússia. E a Índia está em uma parte do mundo que, hoje, forma a liderança econômica do mundo. Portanto, por todas essas razões, é claro que temos que admitir que a Índia é uma potência em ascensão."
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