Sul-coreanos convocam protesto em meio ao despejo no mar da água radioativa de Fukushima

Como citou a mídia britânica, o grupo Vigilância de Radiação da Coreia organizou um protesto de até 50.000 pessoas contra o despejo em curso de água originalmente contaminada pelo desastre nuclear de 2011.

Manifestantes se reuniram na capital da Coreia do Sul no sábado (26) para exigir que o governo tome medidas em meio à liberação pelo Japão de água radioativa tratada da usina nuclear de Fukushima, informa a agência britânica Reuters.

O Japão começou na quinta-feira (24) a despejar no mar a água da usina ao norte de Tóquio, apesar das críticas internas e externas das comunidades pesqueiras e de outras pessoas preocupadas com o impacto ambiental.

"Não veremos imediatamente desastres como a detecção de materiais radioativos em frutos do mar, mas parece inevitável que esse despejo representa um risco para o setor pesqueiro local, e o governo [sul-coreano] precisa apresentar soluções", argumentou Choi Kyoung-sook, do grupo Vigilância de Radiação da Coreia, que organizou a ação.

Os organizadores afirmaram que cerca de 50.000 pessoas participaram do protesto.

O Japão e as organizações científicas, além da ONU, afirmam que a água, que foi tratada após ser contaminada pelo contato com as barras de combustível quando o reator foi destruído em um terremoto e tsunami em 2011, é segura.

Ato do Japão expõe o mundo ao risco de contaminação nuclear, opina especialista

Chen Yang, professor convidado do Centro de Estudos Japoneses da Universidade de Liaoning, China, lamentou a decisão das autoridades japonesas.

"O ato do Japão, sem dúvida, expõe o mundo inteiro ao risco de contaminação nuclear e condena as gerações futuras ao sofrimento. Atualmente, existem muitos métodos no mundo para purificar a água da contaminação radioativa. Muitos especialistas internacionais propuseram tanques de armazenamento de longo prazo ou métodos alternativos de purificação", mencionou ele.

Ele disse que a água contaminada tem 60 tipos de radionuclídeos diferentes, e que muitos deles não têm tratamento eficaz disponível.

"Além disso, os tanques de armazenamento que contêm água de Fukushima têm mais de 1,3 milhão de toneladas de volume e o ciclo de descarga chega a 30 anos. Durante esse período, a disseminação de radionuclídeos em tais volumes poderia destruir a ecologia dos oceanos do mundo."

"Desconsiderar as opiniões dos países vizinhos e escolher a maneira 'mais fácil' de se livrar da água radioativa reflete o extremo egoísmo e interesse próprio do Japão, que coloca seus próprios interesses acima dos interesses de longo prazo e do bem-estar de toda a humanidade", declarou.

Ele vê os EUA, que "se rotularam como o principal defensor dos direitos humanos", como não estando contra tal decisão, e que isso deu confiança a Tóquio para seguir com o despejo.