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Notícias sobre a Rússia no Brasil são filtradas por interesses hegemônicos dos EUA, diz jornalista

© Foto / 3º Campo da Juventude do BRICSCidade russa de Ulianovsk recebe jornalistas e especialistas em comunicação durante o 3º Campo da Juventude do BRICS, no dia 2 de agosto de 2023.
Cidade russa de Ulianovsk recebe jornalistas e especialistas em comunicação durante o 3º Campo da Juventude do BRICS, no dia 2 de agosto de 2023. - Sputnik Brasil, 1920, 03.08.2023
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Novo contexto geopolítico acelera guerra informacional para minar cooperação entre os países do BRICS. A Sputnik Brasil conversou com jornalistas de Brasil, Índia e China para saber como combater a desinformação e criar sistema de mídia alternativo ao ocidental.
No dia 30 de julho, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia publicou artigo refutando notícias falsas divulgadas por veículo de mídia indiano sobre destruição da usina hidrelétrica de Kakhovka, na região de Kherson. O artigo é parte do esforço sistemático da Rússia de identificar, conter e refutar notícias falsas sobre o conflito ucraniano.
"No geral, a mídia indiana mantém uma posição neutra em sua cobertura da crise ucraniana. Mas muitos meios seguem republicando cegamente artigos sobre política externa de agências de notícias estrangeiras tendenciosas, como AP, AFP, Bloomberg e Reuters, que apresentam notícias com inclinação contrária à Rússia e, muitas vezes, publicam desinformações descaradas e notícias falsas", escreveu a chancelaria russa.
As notícias falsas são comumente associadas à política doméstica dos países, abordando temas como supostas fraudes eleitorais. No entanto, o contexto geopolítico favorece o uso da desinformação como arma da guerra informacional internacionalmente.
De acordo com panfleto elaborado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a guerra informacional consiste em "operação conduzida com o objetivo de obter uma vantagem de informação sobre o oponente".
"Consiste em controle do próprio espaço informacional, protegendo o acesso à própria informação, enquanto adquire e utiliza a informação do adversário, destruindo seus sistemas de informação e interrompendo seu fluxo", versa o documento da aliança ocidental.
Neste contexto, jornalistas e especialistas em comunicação se reuniram com representantes da juventude do BRICS – grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – para debater o combate às notícias falsas e ao monopólio informacional do Ocidente coletivo nos países do Sul Global.
© Foto / 3º Campo da Juventude do BRICSRepresentantes da juventude dos países dos BRICS durante debate sobre mídia no 3º Campo da Juventude do BRICS, realizado em Ulianovsk, Rússia, 2 de agosto de 2023.
Representantes da juventude dos países dos BRICS durante debate sobre mídia no 3º Campo da Juventude do BRICS, realizado em Ulianovsk, Rússia, 2 de agosto de 2023. - Sputnik Brasil, 1920, 03.08.2023
Representantes da juventude dos países dos BRICS durante debate sobre mídia no 3º Campo da Juventude do BRICS, realizado em Ulianovsk, Rússia, 2 de agosto de 2023.
O encontro foi realizado no âmbito do 3º Acampamento Internacional da Juventude do BRICS, realizado na cidade russa de Ulianovsk, entre os dias 1º e 6 de agosto.
"Nós encorajamos a juventude a ficar atenta aos meios de mídia tradicionais, que ainda são o refúgio daqueles que buscam notícias verificadas", disse a correspondente diplomática da emissora indiana Doordarshan News, Meghna Dev, à Sputnik Brasil. "As pessoas gostam do drama e do toque apimentado das notícias falsas, mas, no fundo, sabem identificar uma notícia de qualidade."
Já a diretora da Sputnik International, Viktoria Polikarpova, instruiu os representantes da juventude do BRICS a exercitar seu pensamento crítico ao ler artigos de mídia e questionar as fontes utilizadas pelas reportagens.
© Foto / 3º Campo da Juventude do BRICSCorrespondente diplomática da emissora indiana Doordarshan News, Meghna Dev, durante debate no 3º Campo da Juventude do BRICS, realizado em Ulianovsk, Rússia, 2 de agosto de 2023.
Correspondente diplomática da emissora indiana Doordarshan News, Meghna Dev, durante debate no 3º Campo da Juventude do BRICS, realizado em Ulianovsk, Rússia, 2 de agosto de 2023. - Sputnik Brasil, 1920, 03.08.2023
Correspondente diplomática da emissora indiana Doordarshan News, Meghna Dev, durante debate no 3º Campo da Juventude do BRICS, realizado em Ulianovsk, Rússia, 2 de agosto de 2023.
"As estratégias de desmistificação que usamos na agência de notícias Sputnik são muito simples: encontre e verifique o texto original, verifique a confiabilidade da fonte, se existem outras publicações sobre o mesmo tópico, se o conteúdo se adequa ao tipo de mídia no qual foi publicado e não publique histórias que estejam fora do seu campo de especialização", recomendou Polikarpova aos jovens jornalistas dos países do BRICS.

Espaço informacional independente

A republicação acrítica de artigos produzidos pelas principais agências de notícias ocidentais é uma realidade no Brasil, principalmente quando o assunto é conflito ucraniano ou poderio econômico chinês.
"O problema do Brasil é o caráter corporativo da sua mídia, claramente alinhada aos interesses hegemônicos unilaterais dos EUA e seus aliados", disse o editor-executivo do portal Brasil 247, Leonardo Sobreira, à Sputnik Brasil. "As informações que recebemos sobre a Rússia são selecionadas pelo filtro hegemônico, problema também presente na cobertura sobre China."
Os artigos produzidos pela mídia ocidental não só trazem uma visão particular dos fatos, mas também interpretação que atende aos interesses nacionais de seus países de origem. Segundo Sobreira, "estas informações não são autênticas e prejudicam o público brasileiro, uma vez que não consideram os interesses do nosso país".
© Foto / 3º Campo da Juventude do BRICSEditor-executivo do portal Brasil 247, Leonardo Sobreira, durante debate no 3º Campo da Juventude do BRICS, realizado em Ulianovsk, Rússia, 3 de agosto de 2023.
Editor-executivo do portal Brasil 247, Leonardo Sobreira, durante debate no 3º Campo da Juventude do BRICS, realizado em Ulianovsk, Rússia, 3 de agosto de 2023. - Sputnik Brasil, 1920, 03.08.2023
Editor-executivo do portal Brasil 247, Leonardo Sobreira, durante debate no 3º Campo da Juventude do BRICS, realizado em Ulianovsk, Rússia, 3 de agosto de 2023.
"O Brasil deve se firmar neste ambiente, para que possamos incluir a nossa posição internacional como ator emergente", notou Sobreira. "Nossa posição é única, conciliatória e considera interesses diversos."
A visão do brasileiro coincide com a do professor da Universidade de Comunicação da China, Ji Deqiang. Segundo ele, os meios de mídia dos países do BRICS devem atentar às prioridades de suas diplomacias ao reportar assuntos internacionais.

"Nossas mídias têm um papel diferente a desempenhar, quando comparadas a dos países desenvolvidos", disse Ji Deqiang à Sputnik Brasil. "Neste ambiente, precisamos promover nossas políticas nacionais e mediar o diálogo entre os Estados-membros da família BRICS."

O especialista acredita ser possível colaborar para "combater notícias falsas, desinformação e propagação de imagens distorcidas de um sobre os outros", mas reconhece as dificuldades em aproximar agências de notícias dos países do BRICS.
"Além dos valores comuns e da boa vontade, precisamos de motivações econômicas para colaborar. Poderíamos considerar aumentar a receita de publicidade oriunda de países do BRICS, por exemplo", sugeriu Ji Deqiang.
© Foto / 3º Campo da Juventude do BRICSProfessor da Universidade de Comunicação da China, Ji Deqiang, durante debate no 3º Campo da Juventude do BRICS, realizado em Ulianovsk, Rússia, 2 de agosto de 2023
Professor da Universidade de Comunicação da China, Ji Deqiang, durante debate no 3º Campo da Juventude do BRICS, realizado em Ulianovsk, Rússia, 2 de agosto de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 03.08.2023
Professor da Universidade de Comunicação da China, Ji Deqiang, durante debate no 3º Campo da Juventude do BRICS, realizado em Ulianovsk, Rússia, 2 de agosto de 2023
A diferença de abordagem midiática entre os países do BRICS não deve ser considerada um entrave para a cooperação, mas sim uma oportunidade para "representar a diversidade da imprensa global".
"Os sistemas de mídia dos países do BRICS podem ser considerados uma alternativa ao sistema ocidental, já que estamos interessados em promover o diálogo e comunicação global", concluiu o professor da Universidade de Comunicação da China.
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