Saída da Rússia do acordo de grãos marca nova etapa da crise ucraniana, aponta especialista

A saída da Rússia do acordo de grãos mostra que Moscou não pretende mais buscar compromissos nas relações com a Ucrânia, e está pronta para resolver questões no campo de batalha, disse Andrei Suzdaltsev, professor da Faculdade de Economia Mundial e Política Mundial da Escola Superior de Economia da Universidade Nacional de Pesquisa russa.

Os compromissos do acordo de grãos terminaram, ele foi interrompido, disse ontem (17) o porta-voz do presidente russo Dmitry Peskov.

"O Ocidente e a Ucrânia estão acostumados que a Rússia faz concessões, tentando negociar para encontrar compromissos. Não estamos conduzindo uma guerra, mas uma operação especial, tentamos resolver nossos problemas com o mínimo de perdas", disse Suzdaltsev.

Por isso, de acordo com ele, "a dura decisão de Moscou de se retirar desse acordo de grãos, ele está congelado, fala de uma nova etapa de desenvolvimentos da crise russo-ucraniana".

"Aparentemente saímos daquela etapa em que estávamos tentando negociar. Acho que tomamos a decisão de que todos os nossos problemas que existem, restrições – serão resolvidos quando alcançarmos uma vitória decisiva no campo de batalha", concluiu o interlocutor da agência.

Nesta segunda-feira (17) a Rússia notificou oficialmente a Turquia, Ucrânia e a ONU de que se opõe à extensão do acordo de grãos. Isto significa revogação de garantias russas para a segurança da navegação e encerramento do corredor marítimo humanitário no noroeste do mar Negro.

Kiev espera continuar o fornecimento de grãos pelo mar Negro sem a participação da Rússia. O presidente ucraniano Vladimir Zelensky disse que discutiu com o secretário-geral da ONU, António Guterres, a retomada dos abastecimentos.

Os EUA e seus aliados não poderão obter a mesma quantidade de grãos da Ucrânia que poderiam com o acordo, disse a Casa Branca. Ao mesmo tempo, os EUA não consideram a opção de aliviar as sanções contra a Rússia em caso de seu retorno ao acordo de grãos.

Ontem (17), o coordenador de comunicações estratégicas da Casa Branca, John Kirby, apontou em um briefing a subida acentuada dos preços de alimentos na sequência da decisão da Rússia de se retirar do acordo de grãos. No entanto, a declaração da administração Biden não coincidiu com a dinâmica real das cotações do mercado de commodities.