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G7 convida Lula somente para eventos secundários e pressionará Brasil sobre Ucrânia, diz analista

© AP Photo / Eraldo PeresO presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva - Sputnik Brasil, 1920, 05.05.2023
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O governo Lula ainda não confirmou a participação na cúpula do clube dos países mais ricos, o G7, a ser realizada no Japão. O presidente participaria somente de eventos secundários e sofreria pressão para modificar a posição brasileira sobre a Ucrânia, o Sudão e o Haiti, revela especialista ouvida pela Sputnik Brasil.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva hesita em aceitar o convite feito pelo G7 para participar da cúpula do grupo na cidade japonesa de Hiroshima, na segunda quinzena de maio.
O grupo G7 reúne as principais economias do mundo ocidental, como os EUA, França, Itália e Japão, mas busca expandir sua influência para o Sul Global, em meio ao conflito ucraniano. Além do Brasil, o grupo convidou o Vietnã, a Índia e a Indonésia para a cúpula de Hiroshima.
"Não sei se vou. Estou querendo ir ao Ceará e estou querendo ir à Bahia inaugurar escola de tempo integral", disse Lula quando perguntado sobre a viagem.
De acordo com o jornalista Jamil Chade, o governo Lula ainda avalia os custos e benefícios da participação do Brasil na reunião do "grupo de países ricos". Diplomatas brasileiros lembram que declarações do grupo são normalmente publicadas sem a chancela dos países participantes, o que poderia gerar embaraços ao Brasil.
Além disso, Lula não teria sido convidado para o fórum principal da cúpula de líderes, o que deixaria sua participação restrita a eventos secundários, informou o portal UOL.
© AFP 2023 / John MacDougallLíderes de países do G7 e da União Europeia reunidos na Cúpula do grupo na Alemanha, em 28 de junho de 2022
Líderes de países do G7 e da União Europeia reunidos na Cúpula do grupo na Alemanha, em 28 de junho de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 05.05.2023
Líderes de países do G7 e da União Europeia reunidos na Cúpula do grupo na Alemanha, em 28 de junho de 2022
Para a cientista política e professora da ESPM Denilde Holzhacker, o Brasil deveria aceitar o convite para participar da reunião e influenciar os debates do grupo.
"A grande vantagem é sentar numa mesa de negociações com os principais líderes dos países ocidentais. Isso permite que um país do porte do Brasil consiga ter uma interlocução e consiga influenciar na tomada de decisão", disse Holzhacker à Sputnik Brasil.
© AFP 2023 / Pierre-Philippe MarcouO presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, participa de uma reunião de negócios Espanha-Brasil na Câmara Espanhola de Comércio em Madri em 25 de abril de 2023 durante sua visita de dois dias à Espanha
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, participa de uma reunião de negócios Espanha-Brasil na Câmara Espanhola de Comércio em Madri em 25 de abril de 2023 durante sua visita de dois dias à Espanha - Sputnik Brasil, 1920, 05.05.2023
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, participa de uma reunião de negócios Espanha-Brasil na Câmara Espanhola de Comércio em Madri em 25 de abril de 2023 durante sua visita de dois dias à Espanha
Para ela, outra vantagem seria a capacidade de o Brasil incluir temas de seu interesse econômico e comercial nas reuniões do "grupo dos ricos".
"A principal desvantagem é que há pressão em relação a algumas pautas que o governo brasileiro provavelmente não gostaria de sofrer, como na questão ambiental, [....] frente ao conflito na Ucrânia e à aproximação entre Brasil e China", declarou Holzhacker.
Para a especialista, participar dos debates internacionais implica custos políticos e pressões para que o Brasil mude algumas posições que desagradam aos países ocidentais.
"O Brasil deve encarar esses custos e pressões [...], ainda que defenda a autonomia da sua política externa", considerou Holzhacker. "O convite é um reconhecimento do prestígio do Brasil, mas envolve uma lógica de pressão sobre alguns temas que o Brasil defende."
Caso participe da cúpula, o principal desafio do presidente Lula será manter a sua posição de imparcialidade frente ao conflito ucraniano.
Na última declaração conjunta, o G7 se comprometeu a promover "fortes sanções contra a Rússia e o apoio da Ucrânia". Para o Brasil, assinar um documento similar poderia prejudicar a posição de imparcialidade perante o conflito ucraniano.
© Folhapress / Lula Marques Militares retornam a Brasília, capital do Brasil, após sete meses de operações no Haiti, no âmbito da operação de paz Minustah
Militares retornam a Brasília, capital do Brasil, após sete meses de operações no Haiti, no âmbito da operação de paz Minustah - Sputnik Brasil, 1920, 05.05.2023
Militares retornam a Brasília, capital do Brasil, após sete meses de operações no Haiti, no âmbito da operação de paz Minustah
"Sem dúvida essa pauta estará entre as mais relevantes quanto à participação do Brasil", considerou Holzhacker. "O Brasil vai tentar construir um espaço de negociação, afinal são países que se posicionam favoravelmente à Ucrânia."
As pressões impostas ao Brasil não devem se restringir à questão da Ucrânia, mas ainda incluir outros conflitos internacionais, sobre os quais o Ocidente gostaria de ver uma participação brasileira ativa.
"Enquanto o Brasil trará a agenda da paz de forma mais ampla, haverá pressão quanto à posição do Brasil sobre o Sudão e o Haiti [...] Mas com certeza a posição do Brasil frente à questão ucraniana será decisiva", concluiu a especialista.
A cúpula de líderes do G7 ocorre entre os dias 19 e 21 de maio, na cidade japonesa de Hiroshima. Lula foi convidado a participar do evento pelo primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, no início de abril. A próxima viagem internacional de Lula será para Londres, Reino Unido, para acompanhar a coroação do rei Charles III, entre os dias 5 e 7 de maio.
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