Eurodeputado: 10º pacote de sanções pode ser último devido a desacordos na UE

O décimo pacote de sanções contra a Rússia pode ser o último devido a grandes divergências na União Europeia (UE), disse Thierry Mariani, deputado francês do Parlamento Europeu.

"A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, estava desesperada para marcar o aniversário do início da operação especial, mas há divergências profundas [na UE], e estão se tornando cada vez mais óbvias", disse o político à Sputnik.

Segundo ele, há discordâncias entre os vários países da UE em relação ao fornecimento de gás, um tópico "especialmente evitado" pela Áustria, Hungria e Eslováquia.

Além disso, há questões que Mariani diz não serem discutidas publicamente em Bruxelas, tais como a energia nuclear civil.

Ele lembrou que a Europa importa 19,7% de seu urânio da Rússia e que 19 reatores nucleares de fabricação russa fornecem energia em cinco países europeus, acrescentando que somente o fabricante russo pode garantir a sua manutenção segura.

"Os americanos também estão muito preocupados com o fato de 16% do combustível nuclear consumido pelas usinas nucleares estadunidenses vir da Rússia, sendo que cerca de um terço vem do Cazaquistão e do Uzbequistão, países próximos da Rússia. Quase metade do urânio utilizado pelos EUA é proveniente da Rússia: isso é um pouco embaraçoso para Joe Biden, que incluiu a energia nuclear em seu plano de redução das emissões de carbono", disse Mariani.

Em sua opinião, não há mais áreas onde Bruxelas possa impor sanções, e o anúncio de um décimo pacote "com atraso" é "uma admissão de fracasso e impotência" por parte da Europa.

Em 25 de fevereiro, a UE introduziu um novo e décimo pacote de sanções contra a Rússia, ampliando as restrições pessoais e de exportação, assim como novas proibições à mídia russa.

A Comissão Europeia estimou o novo pacote de sanções em € 11,4 bilhões (R$ 62,94 bilhões). Observa-se que as exportações da UE para a Rússia caíram quase pela metade em comparação com o nível de 2021, enquanto as importações para a UE foram reduzidas em quase 60%.