Bloomberg: investimento recorde ajuda Rússia a sobreviver às sanções

A Rússia resistiu às sanções ocidentais relacionadas à Ucrânia ao aumentar o investimento na produção doméstica e em novas rotas de abastecimento, informou a Bloomberg na quarta-feira (9), citando estatísticas e analistas.

De acordo com o relatório, os gastos de capital aumentaram 6% no ano passado, enquanto muitos economistas esperavam que caíssem até 20% logo após o início do conflito ucraniano.

O Banco da Rússia disse em um relatório recente que a maioria das empresas russas aumentou o investimento em 2022 ou o manteve no mesmo nível do ano anterior. Como resultado, a produção encolheu apenas 2%, sendo mais abaixo do que os economistas previam quando as últimas sanções foram introduzidas.

As restrições deixaram a Rússia sem muitas importações, e as empresas russas foram forçadas a aumentar os gastos para substituir equipamentos e softwares estrangeiros agora indisponíveis ou investir na criação de novas rotas para garantir suprimentos de mercados alternativos. Quatro em cada cinco dos setores mais intensivos em capital da economia russa aumentaram os gastos com investimentos, incluindo transporte, mineração, imóveis e ciência e tecnologia, de acordo com o Serviço Federal de Estatísticas (Rosstat).

Uma das maiores siderúrgicas do país, a Severstal, desviou o investimento de projetos que estavam em risco de interrupções devido às sanções, e atualmente está investindo em tecnologia de informação produzida internamente para a indústria de metais. Grandes bancos, como Sber e VTB, também estão investindo para substituir o software estrangeiro. No mês passado, surgiram relatos de que os credores planejam começar a emitir adesivos contendo chips NFC (Near-Field Communication) para substituir serviços estrangeiros de pagamento sem contato, como Apple Pay e Google Pay, que não estão mais funcionados na Rússia.

O volume de investimentos em imóveis comerciais no ano passado atingiu um recorde histórico de 487,2 bilhões de rublos (R$ 35,98 bilhões), 21% a mais do que em 2021, de acordo com um estudo da empresa imobiliária NF Group.

"O volume de investimentos foi recorde com uma participação mínima de capital estrangeiro. Os investidores russos estão se tornando proprietários da grande maioria das propriedades premium em vários segmentos e essa tendência provavelmente continuará até que as empresas que estão saindo vendam todos os seus ativos", disse a corretoria.

Além disso, os produtores de gás e petróleo também aumentaram os gastos em infraestruturas de transporte ou no financiamento de uma reorientação das exportações do Ocidente.

"Essa tendência deve apoiar o investimento fixo nos próximos anos", disse Tatiana Orlova da Oxford Economics, à Bloomberg.

Muitas empresas também lucraram com subsídios do governo e programas de apoio à substituição de importações. De acordo com Rosstat, o financiamento estatal estava entre as maiores fontes de despesas de capital, totalizando cerca de 17,8%.