Ex-presidente afegão afirma que EUA estavam envolvidos em corrupção em seu país

O ex-presidente afegão, Hamid Karzai, disse nesta terça-feira (27) que assume a responsabilidade pela corrupção no país, ao mesmo tempo em que admite que os Estados Unidos também estavam envolvidos nisso.

"[Assumo] total responsabilidade pela corrupção e subornos na prestação de serviços [...]. Mas os grandes contratos, a grande corrupção, em centenas de milhões de dólares ou milhões de dólares, era claramente uma coisa dos Estados Unidos da América", disse Karzai a um jornal norte-americano.

Segundo o jornal, o ex-presidente mora em Cabul onde é vigiado de perto pelo Talibã (organização sob sanções da ONU por atividade terrorista) que não o deixa sair da capital afegã.

Karzai, no entanto, disse que tomou a decisão certa de permanecer no país mesmo após a tomada do poder pelos talibãs em agosto de 2021.

"Eu não tinha certeza de minha própria segurança [depois que o Talibã chegou ao poder]. Mas eu nunca teria saído e nunca vou sair. Este é o meu país", observou o ex-líder afegão.

O jornal noticiou que o Talibã vê Karzai como seu adversário, pois ele foi "o primeiro indivíduo que trabalhou com os americanos na ocupação do Afeganistão".

O Talibã chegou ao poder em agosto de 2021, derrubando o governo apoiado pelos Estados Unidos enquanto as tropas estrangeiras estavam deixando o país, com a crise política exacerbando a desordem econômica e a escassez de alimentos que levaram o país à beira de uma crise humanitária.

Karzai foi presidente do Afeganistão de dezembro de 2004 a setembro de 2014. Ele foi o primeiro líder do país depois que os EUA derrubaram o governo do Talibã, em 2001, após sua operação militar em resposta aos ataques de 11 de setembro, os ataques terroristas mais mortíferos em solo norte-americano.