Especialista: em breve EUA poderão ter dificuldades no confronto com China na área de terras raras

Os Estados Unidos enfrentarão uma situação difícil em um futuro próximo devido às tentativas de reduzir a dependência da China para suprimentos de terras raras, que é considerada uma ameaça à segurança nacional pela administração dos EUA, aponta especialista entrevistada pela Sputnik.

De acordo com sua avaliação, a principal razão para as futuras dificuldades é a ausência nos EUA das capacidades e tecnologias necessárias, nas quais a China já trabalha há mais de três décadas.

Marina Zhang, professora associada do Instituto das Relações Austrália-China da Universidade de Tecnologia de Sydney, explica que não será uma tarefa fácil ultrapassar a liderança de Pequim nessa área.

"Nos próximos 10-15 anos China possui claras vantagens estruturais sobre os seus concorrentes. Essas vantagens incluem custos menores para obtenção de permissões e licenças para mineração e produção e também custos laborais e ambientais relativamente mais baixos", disse Zhang à Sputnik.

O Serviço Geológico dos Estados Unidos incluiu 16 elementos de terras raras à sua lista de 50 materiais de importância crítica para a economia e segurança nacional. Atualmente, a China continua mantendo a posição dominante em praticamente todos os 17 elementos de terra raras existentes usados nos setores da tecnologia e defesa, energia e indústria automotiva.

De acordo com Zhang, as vantagens da China em talentos e patentes acumulados tornam possível controlar 90% de toda a produção de metais de terras raras. Além disso, segundo estimativas dos EUA, a demanda por vários desses elementos aumentará em mais de 400% nas próximas duas décadas, inclusive devido ao desenvolvimento das chamadas tecnologias verdes.

Atualmente nos Estados Unidos há apenas uma mina de terras raras em funcionamento, de propriedade da empresa norte-americana MP Materials. No entanto, os óxidos dos minerais de terras raras extraídos são enviados para a China para processamento posterior.

Ao mesmo tempo, a especialista observou que a obtenção de licenças para o desenvolvimento de novos locais de extração nos EUA pode exceder dez anos, limitando a capacidade de aumentar a produção, existindo simultaneamente uma diferença entre as reservas do local de extração ativo da MP Materials no estado de Califórnia de 2,1 milhões de toneladas de minerais de terras raras em comparação com as reservas de 44 milhões de toneladas na China.

A China é a fonte dominante dos minerais críticos, controlando cerca de 90% do mercado global de terras raras, e é igualmente dominante em uma série de outros. A Casa Branca também disse que a China controla 87% do mercado global de ímãs permanentes, usados em motores elétricos, sistemas de defesa, eletrônicos e turbinas eólicas.