Enviado sul-africano à Rússia critica 'padrões duplos' da Alemanha sobre mineração de carvão

No início deste mês, o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, visitou a África do Sul e a Namíbia, onde conversou com os chefes de Estado sobre a descarbonização, o fornecimento de energia e o crescimento dos negócios.

Ao exortar a África do Sul a retomar a mineração de carvão para exportação enquanto argumenta sobre a necessidade de transição energética, a Alemanha exibe uma duplicidade de critérios, disse o embaixador sul-africano na Rússia, Mzuvukile Maqetuka, à Sputnik.

No início de dezembro, o ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, visitou a Namíbia e a África do Sul para manter encontros bilaterais com os líderes dos dois países africanos. Os principais temas das conversações foram o abastecimento de energia, o crescimento dos negócios, além da cooperação na área de hidrogênio e descarbonização. O ministro participou também da quarta cúpula Empresarial Germano-Africana (GABS 2022), realizada em Joanesburgo no início desta semana, que teve como objetivo promover as relações econômicas entre a Alemanha e a África Subsaariana.

"Os alemães seguem sua política de forma bastante agressiva na busca de novos mercados. Eles vieram à África do Sul para discutir questões de transição energética. Ao mesmo tempo, eles próprios aumentaram grandemente as importações de carvão da África do Sul. A contradição reside no fato de a África do Sul ter praticamente suspendido a produção e utilização do carvão para suas próprias necessidades, passando agora a vendê-lo à Alemanha", disse o embaixador.

Maqetuka observou que a África do Sul precisa de recursos energéticos, mas leva a sério suas obrigações de descarbonização.

"Apesar de ainda termos grandes reservas de carvão que vão durar 200 anos, fechamos a maior parte das minas. Agora, nosso governo está sob pressão para retomar a mineração de carvão. Os países europeus também estão fazendo isso, estão abrindo minas paradas", enfatizou o diplomata.

Anteriormente, o Climate Investment Funds (CIF), fundo afiliado ao Banco Mundial, que financia projetos climáticos em países em desenvolvimento, prometeu fornecer à África do Sul US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,6 bilhões) de investidores privados e públicos para substituir algumas usinas termelétricas a carvão por alternativas verdes.

Neste ano, o Ocidente aumentou a pressão das sanções sobre a Rússia devido à Ucrânia, o que levou ao aumento dos preços da eletricidade, combustíveis e alimentos na Europa e nos Estados Unidos.

No final de setembro, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que os recursos energéticos russos baratos e confiáveis eram a vantagem competitiva da Europa, e mesmo uma recusa parcial deles já está tendo um impacto negativo em sua economia e residentes. O presidente argumentou que, fazendo a União Europeia (UE) abdicar totalmente dos recursos energéticos russos, os EUA estão levando à desindustrialização da Europa.