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Especialista: UE se mostra refém dos EUA ao tachar a Rússia como 'Estado patrocinador do terrorismo'

© AP Photo / Jean-Francois BadiasMembros do Parlamento Europeu durante cerimônia do 70º aniversário da Casa legislativa, em 22 de novembro de 2022
Membros do Parlamento Europeu durante cerimônia do 70º aniversário da Casa legislativa, em 22 de novembro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 23.11.2022
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Em tom confessional e falando em nome de Josep Borrell, chefe de política externa da União Europeia (UE), a Comissária para Assuntos Internos do bloco, Ylva Johansson, dirigiu-se ao Parlamento Europeu em 19 de outubro para tratar de uma medida aprovada nesta quarta-feira (23) pela Casa legislativa europeia.
A discussão no mês passado era focada no possível reconhecimento da Rússia como "Estado patrocinador do terrorismo", medida que foi aprovada hoje (23) por 494 votos (enquanto 58 votaram contra e 44 se abstiveram).

"Embora a União Europeia não tenha um quadro legal para designar um país terceiro como 'Estado patrocinador do terrorismo', tomamos nota de tais decisões a nível nacional ou resoluções de assembleias parlamentares, como a do Conselho da Europa poucos dias atrás", disse Johansson ao Parlamento.

Além da admissão de que se trata de uma decisão sem precedentes, começaria ali a gestação de uma medida importada dos EUA e duramente criticada por Moscou, para se criar um fundamento legal cujo intuito é nada mais do que cooptar os ativos russos congelados por países-membros da UE.
Carolina Bernardes Enham, professora e coordenadora do curso de pós-graduação em projetos internacionais do Instituto de Educação Continuada (IEC) da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), vice-presidente regional da Câmara Brasil–Rússia de Comércio, Indústria e Turismo no estado e cônsul honorária da Rússia em Belo Horizonte, aponta uma característica que vai além do alinhamento ideológico entre EUA e UE.

"Vejo realmente como algo que normalmente é feito pelos EUA e agora [está] sendo também feito pela UE não somente como forma de reforçar a unicidade do discurso, mas também [...] [de] mostrar como a UE está sendo amplamente influenciada pelos EUA e refém dos seus interesses", observou.

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Ela também vê a pecha como uma parte do processo de "reafirmação da narrativa ocidental" que justifica todas as sanções e todos os atos do Ocidente contra a Rússia a partir do momento em que há um cenário de conflito "que avança e que coloca, inclusive, algumas verdades à tona".

"Como, recentemente, os crimes de guerra cometidos pelo lado ucraniano contra militares russos. Isso aconteceu há poucos dias, houve uma execução à queima-roupa de prisioneiros de guerra russos perpetrada pelos militares ucranianos, que cometeram crimes de guerra deliberadamente. Isso foi amplamente noticiado, a Rússia notificou a ONU [Organização das Nações Unidas] e pediu intervenção nesse sentido. Ao que parece, toda vez que a Rússia age de acordo com normativas da ONU, que clama à ONU que assuma sua obrigação, e toda vez que aparecem atos que depõem contra a Ucrânia, logo a gente vê outras novas narrativas do Ocidente tentando mais uma vez incriminar a Rússia de algum modo."

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A especialista aponta também a influência da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na classificação feita pela Europa, uma vez que, ante o conflito ucraniano, ficou evidente que a Rússia está respondendo a ações que são coordenadas pela aliança militar.

"Isso porque a Rússia não luta contra os ucranianos ou muito menos contra qualquer aparato ucraniano, mas sim contra aparatos e treinamentos da OTAN. A situação é muito nítida. Trata-se de um cenário de conflito em território ucraniano, mas é um embate entre Rússia e OTAN", indicou.

Enham lembra ainda que tentar colocar a Rússia nesse papel decorrente de um conflito, ou seja, como um "Estado patrocinador do terrorismo", é tentar alimentar a narrativa de busca de novos reforços de corroboração de ações antirrussas, que "tragicamente acabam por fomentar a russofobia", outro problema grave.
A sinalização contra a Rússia pelo Parlamento Europeu também não se justifica quando, em todos os cenários de conflitos vigentes e em todos os demais conflitos também perpetrados pelo Ocidente, esse tipo de rótulo não foi dado, e ações de combate e de conflito não foram classificadas como terrorismo, argumenta a cônsul. Serve inclusive como cortina de fumaça, na tentativa de acobertar as ações criminosas de forças ucranianas.

"Ações classificadas como terroristas carecem de muita análise, de muitos debates, de muitas reflexões, [sobre] o que de fato pode ser considerado terrorismo. As distinções entre essas ações são, muitas vezes, tênues, [...] elas requerem muita pesquisa, [...] um debate profundo, para que seja possível fazer esse tipo de análise. Ainda mais quando se tem um conflito ocorrendo e [quando] [...] a Rússia clama, inclusive, [pelo reconhecimento de] [...] crimes de guerra cometidos por parte da Ucrânia. Mas, logo na sequência, o Parlamento Europeu fala que o que a Rússia faz é terrorismo. É muito questionável", ponderou.

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A professora mostra que se recai na questão de que "não pode haver dois pesos e duas medidas" em relação a esse ponto. As grandes instituições, sobretudo a ONU, precisam tratar isso com isonomia, prossegue.

"Não esperamos [essa isonomia] do Parlamento Europeu, obviamente. As ações do Parlamento Europeu não surpreendem a Rússia e servem também para justificar a adoção de mais sanções e tentar fazer com que a população passe a deixar de analisar a retirada do apoio à Ucrânia, como tem acontecido. Porque há manifestações populares na Europa reivindicando a interrupção ou mesmo a saída da OTAN [do conflito na Ucrânia]. Há uma preocupação com a crise energética, e o inverno está chegando. Aumenta-se a pressão popular, e os líderes europeus se veem na situação de aumentar a narrativa contra a Rússia a fim de justificar suas posições. É um desenrolar do cenário com a Europa tentando se firmar em suas decisões", criticou.

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