Diretor de teatro italiano critica pedido de cancelamento de ópera russa: 'É punir a cultura'

Riccardo Chailly, diretor musical do teatro La Scala de Milão, disse neste sábado (12) que o cancelamento de "Boris Godunov", uma ópera do proeminente compositor russo Modest Mussorgsky, significaria punir a cultura.

No início desta semana, o cônsul-geral da Ucrânia em Milão, Andrei Kartysh, exortou as autoridades da cidade e do teatro a cancelar a encenação da ópera russa, que deve iniciar a nova temporada do La Scala em dezembro.

"Retirar uma obra-prima que termina com a loucura e a morte do rei é punir a cultura. Nossa ideia é combinar 'Macbeth' com 'Boris', ligando-os a um abuso de poder que absorve e leva à loucura. Quer cancelar Shakespeare?", criticou Chailly, conforme citado pelo jornal italiano Corriere della Sera.

Uma nova produção de "Macbeth", de Giuseppe Verdi, que estreou no La Scala em dezembro, também será apresentada na nova temporada.

Segundo Chailly, a arte não deve pagar pelo "caos que vem acontecendo desde 24 de fevereiro".

A liderança do La Scala está insatisfeita com o apelo do diplomata ucraniano, e alguns de seus representantes consideram o pedido inaceitável, segundo a reportagem.

Em junho, o La Scala anunciou que "Boris Godunov" estrearia a próxima temporada em 7 de dezembro. Kartysh disse que a comunidade ucraniana na Itália tomou a decisão do teatro com "grande decepção e arrependimento".