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Energia nuclear convenceu ambientalistas e é porta para o futuro no Brasil, avalia pesquisador

© Folhapress / Rafael AndradeUsinas de energia nuclear Angra 1 e Angra 2, na praia de Itaorna, no município de Angra dos Reis, no sul do estado do Rio de Janeiro. O complexo nuclear da região vai crescer com a conclusão da usina de Angra 3
Usinas de energia nuclear Angra 1 e Angra 2, na praia de Itaorna, no município de Angra dos Reis, no sul do estado do Rio de Janeiro. O complexo nuclear da região vai crescer com a conclusão da usina de Angra 3 - Sputnik Brasil, 1920, 02.11.2022
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As obras da usina nuclear de Angra 3 foram retomadas. Em entrevista à Sputnik Brasil, especialista em engenharia nuclear explicou por que é preciso expandir o parque de energia atômica do Brasil e por que estão dizendo que os riscos de novos desastres é assunto do passado.
A usina nuclear de Angra 3 deveria ter sido finalizada em 2019. Os problemas envolvendo a sua construção, desde 1984, foram tantos que a nova promessa do governo federal, de inauguração em fevereiro de 2028, soa fictícia. Mas, desta vez, parece que o projeto sairá do papel, pois muitos dogmas impostos à produção nuclear foram superados nas últimas décadas.
O medo de acidentes como os de Three Mile Island, Chernobyl e Fukushima faz parte do passado, garante o professor de engenharia Cláudio Geraldo Schon, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Ele explicou que uma série de fatores explicam o retorno do interesse global pela energia nuclear, além dos problemas que o continente europeu enfrenta com produção de energia.
"Um evento importante que ocorreu neste ano foi a decisão da comunidade europeia de classificar a energia nuclear como verde", disse, acrescentando que "isso trouxe uma mudança do ponto de vista do caráter ambiental".
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"Todo mundo se preocupa com os grandes acidentes, mas os novos desenhos das usinas são mais seguros. A ideia de uma usina nuclear hoje trabalha com situações chamadas passivas, em que a própria usina para de produzir radiação em caso de acidente, o que garante que não haverá contaminação do meio ambiente."

O professor avalia que a tecnologia envolvendo pesquisas e desenvolvimento atômico está avançando e destacou que existem meios para que o próprio dejeto produzido pelas usinas passe por técnicas para se reduzir a sua radioatividade.
Além disso, explicou, países estão ingressando em um modelo novo de usinas, com reatores menores. "Os small modular reactors [reatores modulares pequenos], que são reatores menores, causam consideravelmente menos impacto ambiental, além de ter um custo menor", afirmou.
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Essa novidade é uma das explicações que reduziram o excesso de pressão da sociedade e dos ambientalistas contra a instalação de novas usinas no país. Conforme aponta o especialista, é notório que "nos últimos 20 anos a postura dos ambientalistas mais radicais mudou com relação à questão nuclear".

"Alguns admitem que isso é uma realidade. A gente precisa reduzir produção de CO2 [dióxido de carbono]. E existem certos limites do que se pode fazer com fontes renováveis, como solar e eólica", comentou.

Vários países lançaram programas de energia atômica ousados: a China, com 150 reatores em 15 anos; a França, com 14 reatores; a Inglaterra, com uma linha de produção de reatores modulares pequenos; e os EUA reativando sua indústria nuclear, focada em reatores pequenos e produção de hidrogênio a partir desses equipamentos, além da própria Rússia, que segue sendo uma grande liderança no setor.
As novidades e as mudanças tecnológicas na área estão promovendo um novo ciclo de investimentos em energia nuclear. No Brasil, o Plano Nacional de Energia (PNE) para 2050 já indica a geração de 8 gigawatts (GW) a 10 GW com novas usinas.
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Conforme aponta o especialista, além de Angra 3, outro "grande projeto é a construção do reator de multipropósito, que será instalado no município de Iperó, em Sorocaba, em São Paulo, onde fica o centro da Marinha".
Ele explicou que a construção do reator de multipropósito é um projeto "ousado, que pode transformar o Brasil em um país independente na produção de radiofármacos", o que seria fundamental para dar início a uma importante indústria de medicina nuclear.
O professor da USP entende que a parte cientifica desse projeto é muito importante e alguns comparam sua importância à do Sirius, o acelerador de partículas em Campinas (SP) capaz de acelerar elétrons próximo à velocidade da luz.

"Esse reator de multipropósito brasileiro é importante porque a gente fala sempre da questão dos radiofármacos e do grande potencial social, mas de fato será um importante ponto de pesquisa nuclear no Brasil e na América Latina. O Brasil investe dinheiro comprando isso e poderia ser fornecedor mundial", disse.

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