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Roberto Jefferson representa um risco e atrapalha campanha de Bolsonaro, apontam analistas

© Reprodução / Redes sociais / PTBJair Bolsonaro recebe o ex-deputado Roberto Jefferson em Brasília, em 2 de setembro de 2020
Jair Bolsonaro recebe o ex-deputado Roberto Jefferson em Brasília, em 2 de setembro de 2020 - Sputnik Brasil, 1920, 24.10.2022
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A resistência armada do ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, à prisão deixou dois policiais federais baleados, atingiu em cheio a campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) e complicou a situação jurídica do ex-parlamentar.
Após atacar agentes federais com 20 tiros de fuzil e 2 granadas, Roberto Jefferson foi preso na noite de domingo (23) por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na manhã de ontem, agentes federais foram recebidos a tiros pelo ex-parlamentar ao tentarem atender uma ordem de prisão contra o político por descumprimento de medidas restritivas impostas a ele por manter um arsenal de armas de fogo e munições em casa e fazer ataques ao processo eleitoral e a ministros do Tribunal Superior Eleitoral. Na sexta-feira (21), Jefferson usou as redes sociais para promover ataques à ministra Cármen Lúcia, do STF, por votar a favor da punição para a Jovem Pan devido a declarações de comentaristas da emissora consideradas distorcidas ou ofensivas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Apesar de dizer repudiar o ataque e tentar se desvincular do episódio, o presidente Bolsonaro tem tido sua ligação com Jefferson bastante explorada pela campanha de Lula. Um dos apoiadores mais radicais do chefe de Estado, o ex-deputado pensou em se candidatar à Presidência para reforçar as críticas a Lula. Impedido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PTB lançou à Presidência Padre Kelmon — vice de Jefferson —, criticado por fazer dobradinha com Bolsonaro no debate presidencial da TV Globo para atacar o candidato petista.
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Para Felipe Pena, professor de comunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF) e coordenador de uma pesquisa sobre fake news na universidade, é "impossível Bolsonaro se desvincular do Roberto Jefferson" e a repercussão do caso afeta a campanha do presidente. "Não sei se é uma 'bala de prata', mas é algo que vai influenciar na campanha, sem dúvidas", aponta.
Pena relatou à Sputnik Brasil que nos grupos de WhatsApp e Telegram monitorados pelo grupo de pesquisa em que atua, os eleitores indecisos foram unânimes em rechaçar o ataque de Jefferson aos policiais federais.

"Foi quase unânime entre indecisos [...] a frase 'Bolsonaro nunca mais'. Pegou muito mal. Esses grupos a gente monitora e pergunta: 'Está acompanhando?' [Perguntamos] para aqueles que estão acompanhando: 'O que está achando?' Todos [estão] achando um absurdo. O presidente demorou muito para condenar [o ataque de Roberto Jefferson a policiais]. E mesmo condenando e tentando desassociar, ele fez isso com uma mentira, dizendo que não tinha nenhuma foto. Outro grande erro, porque, em seguida, apareceram várias fotos dele com Roberto Jefferson no Palácio do Planalto."

Apesar da relevância do ataque, Pena acredita que as pautas econômicas devem se sobrepor. Ele acredita que a campanha de Lula deve insistir em criticar a proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, de desvincular o aumento do salário mínimo do crescimento da inflação do ano anterior para corrigir pela expectativa da inflação do ano corrente.
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Se a campanha de Bolsonaro sofreu algum impacto com o episódio, quem pode sofrer as maiores consequências é o ex-deputado. O advogado criminalista Matheus Falivene, doutor e mestre em direito penal pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), avalia que foi correta a decisão do STF de determinar a prisão preventiva de Jefferson pelo descumprimento das medidas cautelares e entende que a reação violenta reforçou essa necessidade.

"A reação dele ao momento da prisão demonstra que ele representa um risco, que existe uma periculosidade na conduta. [...] É possível ter uma resistência pacífica contra a prisão, como uma desobediência civil. Porém a resistência armada e violenta representa o cometimento de um crime, inclusive, no caso, crime de disparo de arma de fogo, crime de explosão e, dependendo do que se investigar, dois crimes de homicídio tentado", aponta o criminalista.

Falivene destaca que o ataque aos policiais vai fazer com que seja aberto um novo inquérito contra Jefferson para se investigar o cometimento desses possíveis novos crimes.
"Isso pode complicar bastante a situação jurídica se for condenado", afirma.
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